quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Nona carta a Matias: pentecostalismo, protestantismo, espiritismo, papismo, ortodoxia ingênua e ortodoxia lúcida: Qual o CRITÉRIO ou padrão do Cristianismo

Caro e nobre Matias creio que já refletiste atentamente sobre o abismo em que tem tombado a consciência Cristã no curso dos séculos, a ponto de sacrificar sua especificidade, perder o seu vigor, reverter ao judaísmo farisaico e desaguar no islamismo ou na indiferença, para não dizermos ateísmo e materialismo??? De fato nestes tristes tempos cabalismo, wicanismo, islamismo, pentecostalismo, agnosticismo, materialismo e ateísmo parecem ser palavras de ordem...

Agora, dileto amigo; se é certo que enfermou e agoniza (Unamuno) a mesma instituição que inspirou o primeiro e mais vasto programa de ação e regeneração social  - Voltado para a promoção da pessoa humana (em Bizâncio e na Antiguidade Ocidental) e afirmação de sua dignidade - já testemunhado pela História temos de buscar uma explicação para tanto e apontar suas causas.

É serviço que se presta a condição humana identificar as causas porque tem sido sucessivamente obscurecida esta fé tendo em vista a revitalização desta mesma fé pela supressão das mesmas causas e a consequente retomada do programa social encetado pela Igreja Antiga, isto é, a edificação duma Sociedade humanitária e humanista.

Caso tenhamos diante de nós que a Encarnação tende a ampliar-se no mundo e a incorpora-lo por completo através da Igreja nossa Mãe ou como se queira da Cristandade; devemos considerar que uma Igreja fragilizada ou uma Cristandade espiritualmente enferma serão sempre incapazes de concretizar este mistério. Para que o mundo entre em contato com o Cristo total e seja por ele transformado segundo sua vontade é necessário que o veículo do Cristianismo esteja em boas ou melhor em excelentes condições.

De nossa parte estamos convencidos que um dos principais problemas relacionados com as 'fés' ou confissões 'cristãs' esta relacionado com a falta de um critério/padrão capaz de dar suporte a doutrina ou a Verdade. Sequer me refiro aquela parcela da Cristandade ainda hoje dominada pelo fetichismo crasso e cuja membresia ocupa-se apenas em obter favores, graças ou milagres de natureza material quais sejam a saúde do corpo, habitação, automovel, emprego, casamento, etc

Este já foram devidamente censurados pelo Mestre: "Viestes até mim não porque crestes mais porque vos enchi a barriga com pães e peixes." Assim sendo, se diante da mensagem divina e do Dom supremo que é a amizade de Cristo, tem seus olhos postos noutra direção, nem podemos deixar de encara-los como verdadeiros idólatras. Mesmo sem símbolos, imagens, esculturas ou ídolos não deixam eles de ser idólatras pelo simples fato de sobreporem suas necessidades imediatas a divina Revelação sujo objeto é a Verdade eterna, a respeito da qual eles sequer cogitam...

Para eles não é Deus verdadeiro aquele que cujo ministério é amparado pela luz da profecia e vaticínios antigos; mas aquele que lhes satisfaz as vontades! Então não temos o que discutir com aquele que tomam supostos milagres por demonstração em lugar de examinar a doutrina.

Feita tal reserva convém advertir a ti e aos mais que nos casos do pentecostalismo, do espiritismo e do papismo estamos diante de novas revelações ou adições feitas ao depósito da fé, e adições de caráter meramente subjetivo. Pois embora os devotos acreditem que por trás do profeta (vidente), do médium ou do papa esteja o Espírito Santo ou um Espírito desencarnado no frigir dos ovos, os videntes, os mediuns e os profetas possuem seu próprio espírito bem humano... tal e qual o espírito do papa que é um homem.

Eles declaram ou dizem que são usados por entidades sobrenaturais ou transcendentes; mas é apenas o que eles dizem e declaram...

Grosso modo qualquer um de nós pode muito bem apresentar-se como instrumento do espírito santo ou de qualquer espírito desencarnado. Para tanto basta querer e ter audácia!

No caso das comunicações espíritas por exemplo não há como fugir a constatação de que a doutrina ou a revelação ( a que chamam os franceses e brasileiros Kardecismo) esta fundamentada sobre bases demasiado frágeis. Primeiramente porque todos os espíritas medianamente esclarecidos sabem, e muito bem que a par das supostas comunicações sobrenaturais ou espiríticas existe um número considerável de comunicações animistas provenientes da própria mente ou espírito do médium.

O máximo que os espíritas podem fazer aqui é tentar demonstrar - e a nós pouco importa se com sucesso ou não - que parte das comunicações recebidas por seus médiuns é de origem sobrenatural, transcendente ou espirítica. Teórico espírita algum - seja L Denis, C Flammarion, G Delanne, Akssakof, Bozzano, Leopoldo Cirne, Ismael G Braga, Imbassahy, etc - ousou negar ou contestar tais fatos, quero dizer o ANIMISMO, tudo quanto os teóricos espíritas fizeram foi tentar demonstrar que em meio a este gigantes cipoal de origem puramente humana, há também ao menos algumas comunicações de natureza tanto mais complexa ou diferenciada.

Lamentavelmente a multidão de espíritas fanáticos - cujas leituras resumem-se aos romances da Krijanov e da Zíbia ou as mensagens do Chico Xavier e do Divaldo Franco - recebe toda e qualquer comunicação mediúnica como sobrenatural e sagrada...

Nem é peculiaridade dos espíritas ignorar os fundamentos doutrinários de seus sistema religioso num país em que a imensa maioria dos papistas jamais se deu ao trabalho de estudar as Encíclicas dos papas e em que os protestantes em quase que sua totalidade ignoram supinamente a História de sua tão querida reforma... De fato a leviandade do brasileiro em termos de estudos sagrados ou profanos (que dizer dos marxistas que jamais leram Marx ou dos anarquistas que jamais leram Kropotkin???) é como que seu 'pecado original'.

Ao espírita esclarecido no entanto cabe a grave e penosa tarefa de julgar tais comunicações... tendo plena consciência de que tal juízo é e sempre será puramente humano e falível. Assim quando o espírita julga qualquer comunicação, atribuindo-a a um espírito encarnado ou desencarnado esta julgando a doutrina ou o ensinamento partindo de seus princípios, valores, ideias, gostos e crenças pré concebidos os quais toma como padrão para decidir se algo é relevante, verdadeiro, sagrado, transcendente ou não. Aqui basicamente tudo, tanto o aceitar como o negar, é uma questão de vontade...

Se é ao espírita que cabe discernir o que é NATURAL do que é SOBRENATURAL, o que é PARANORMAL do que é ESPIRITUAL, o que é REVELADO do que é MENTAL, é ele mesmo, o espírita, o homem, a pessoa humana; que se faz padrão ou critério humano, natural e falível de suas crenças e jamais saímos do plano puramente humano do provável, do possível, do hipotético para chegarmos ao terreno do absolutamente verdadeiro ou indubitável.

Admitamos agora com a grande multidão de espíritas devotos que tudo quanto os médiuns declaram (apesar das contradições) seja mesmo proveniente do além... em que e de que modo tal concessão haverá de beneficiar a doutrina espírita enquanto 'terceira revelação'?

Ousamos dizer: Em absolutamente nada, nadica de nada...

E por que?

Primeiro porque a identidade dos espíritos comunicantes permanecerá sempre incerta como reconheceu o profo Erny.

Isto a ponto dos espíritas declararem que tal questão é irrelevante, ociosa ou supérflua... Todavia, até certo ponto a veracidade, a idoneidade e a credibilidade não podem deixar de ter alguma relação com a identidade.

Nem posso deixar de reconhecer que caso o objeto da comunicação seja resolver problemas pendentes de natureza ética, sejam suficientes as razões intuitivas do coração.

Outro no entanto é o caráter das comunicações que passados dois mil anos pretendam reformar a instituição Cristã, demolir seus dogmas arqui seculares e rivalizar se possível com nossos Evangelhos. Estas por alguma crítica mais séria devem passar e penso que tal crítica deva principiar pela identidade dos comunicantes...

Sendo assim, já no vestíbulo da polêmica fica o espiritismo desfalcado por jamais poder provar ou demonstrar satisfatoriamente que esta ou aquela entidade seja de fato quem declara ser e tanto mais aprofundamentos os questionamentos e críticas nas sessões tanto mais dúvidas e incertezas aparecem! Sem que se possa chegar a qualquer conclusão definitiva a respeito das graves personalidades do passado que os espíritas dizem visitar suas mesas...

Por outro lado, mesmo quando estabelecida - se possível fosse com um RG espiritual- a identidade DAQUELES QUE ENCONTRAVAM-SE TEMPORAL E ESPACIALMENTE TANTO MAIS PRÓXIMOS DE NÓS, os próprios teóricos espíritas reconhecem que tais personalidades, sendo de origem puramente humana possuem conhecimentos limitados e preconceitos arraigados!!!

De fato, segundo a doutrina espírita, sequer pode haver qualquer mudança mágica ou radical após a morte como supõem os católicos ingênuos e protestantes. Destarte o pobre o homem acaba levando para o túmulo ou para o além tanto seus defeitos de caráter quanto as crenças que lhe são mais caras. Assim nossos amigos espíritas não hesitam falar em espírito 'católico', espírito 'protestante', espírito 'deísta', etc

Concedem ainda nossos amigos espíritas melhor informados sobre suas crenças, que a maior parte dos espíritos que vagam por este nosso mundo sublunar são justamente os mais afastados do sagrado, os mais ignorantes, toscos e grosseiros... e que mesmo as comunicações feitas pelos guias mais elevados podem ser influenciadas tanto pela atmosfera das sessões e quanto pela imaginação dos 'sensitivos' produzindo uma atmosfera espiritual o mais das vezes turbulenta.

Imagine: é guia do lado de cá, é guia do lado de lá, mais a assistência, mais o espírito; enfim energias que sempre podem misturar-se. Pelo simples fato de que a telepatia não possui sinaleiro ou os seres envolvidos no processo, estrelas na testa. O próprio emprego deste telégrafo telepático parece muitas vezes prescindir de letras ou palavras, limitando-se a conceitos bastante vagos interpretados pelo médium carnal.

E nem podemos descartar que o médium do lado de lá dependa também de telepatia... ao menos em alguns casos.

E por esta via tortuosa insinua-se mais uma vez o resíduo humano do animismo, dando origem a interferências, associações e confusionismos de toda sorte.

Como já dissemos tal procedimento até pode ser bom para aliviar os corações cansados pela perda de um ente querido...

Parece-nos no entanto bastante precário no sentido de purificar ou reformar a verdade religiosa ou a revelação Cristã transmitida pelos veículos materiais, históricos e objetivos do Evangelho, da tradição e da Igreja Ortodoxa.

Basta dizer que no fim das contas a verificação de tudo: do caráter da comunicação, da identidade do comunicante e de sua índole jamais ultrapassam a esfera do humano ou do natural. São cogitações, conclusões, raciocínios, opiniões, teorias, etc apresentadas como verdades religiosas capazes de suplantar a palavra de Cristo codificada pelos evangelistas o que me parece demasiado pretencioso.

Grosso modo o espiritismo não me parece oferecer muito mais do que a reforma protestante: apenas os homens ou reformadores aqui estão mortos ou desencarnados. O objetivo porém é o mesmo... Nem posso deixar de encarar - ao menos de modo geral - o kardecismo como uma continuação ou segunda fase; no caso mística, da Reforma Protestante.

Caso passemos ao Pentecostalismo temos apenas uma mudança de nome.

Pois enquanto os médiuns espíritas reconhecem estar sob o controle de espíritos desencarnados de origem puramente humana - o que ao menos evidencia alguma humildade da parte deles - os pentecostais todos alegam estar 'possuídos' pelo espírito santo i é pela terceira pessoa da Santíssima Trindade, numa palavra PELO PRÓPRIO DEUS.

É o que eles dizem...

No entanto podem demonstra-lo???

De fato caro amigo, como já dissemos; alguns deles pretendem escorar-se em milagres. Como no entanto quase todas as outras religiões, inclusive a do papa, revindiquem - e até com mais razão - para si, a mesma capacidade, limitam-se os sectários a atribuir os supostos milagres apresentados pelas demais religiões, como tendo sido feitos pelo Diabo.

Em suma: eles mesmos julgam que os supostos milagres executados por seus líderes procedam de Deus, e todos os outros - alegados pelas religiões rivais - ao capeta... Assim é fácil demais companheiro...

Apenas pentecostais julgando favoravelmente sua própria causa.

Agora se todas as religiões fazem as mesmas alegações em torno de supostos milagres isto só prova uma coisa: que o milagre - caso exista - não sendo monopólio de determinada seita, nada pode provar em termos de Revelação ou de doutrina. Talvez sejam sempre fruto de fraude, auto sugestão ou poder mental (paranormalidade). TUDO MUITO HUMANO, ABSOLUTAMENTE HUMANO, DEMASIADO HUMANO...

Alguns pentecostais no entanto, sabem que a comunhão do homem com o Espírito Santo, deve produzir determinados frutos. Afinal nem pode uma árvore digna de sua condição deixar de produzir frutos, se boa bons frutos e se má maus frutos como declarou Nosso Senhor!!!

Quem no entanto haverá de julgar tal produção de frutos???

A exceção daqueles que como nós, não percebendo tais frutos, abandonaram tal sistema; tantos quantos permanecem sob o jugo dos falsos profetas julgam que tais frutos ali se encontrem; julgando mais uma vez em favor ou benefício de si mesmos.

Outros por fim alegam que os que tem o Espírito são capazes de reconhecer quem tem o Espírito... aqui o engano é duplo caso admitamos que se tratam apenas de dois homens pertencentes a mesma seita. Nada mais natural do que os profetas da mesma seita reconhecerem os profetas da mesma seita... são sempre juízos humanos atrelados a outros tantos juízos humanos.

Por outro lado para quem admite aprioristicamente, por questão de gosto ou vontade, que sua seita possui o Espírito Santo... todas as demonstrações a posteriori serão supérfluas ou desnecessárias. Porque já esta convencido antes de qualquer demonstração...

Dificil por outro lado é ver os pentecostais admitirem que seus colegas, pertencentes a outras seitas; possuam também eles o espírito santo... via de regra, os dissidentes, são guiados ou usados pelo espírito maligno!

Suponhamos no entanto que alguns ao menos admitam uma espécie de inspiração geral ou difusa que abarque todas as seitas protestantes. Neste caso sempre poderíamos perguntar-lhes por que cadas seita possui um corpo doutrinário ou credo diferente e enfim se o Espírito Santo pode contradizer-se ou ensinar doutrinas apostas...

Basta dizer que os presbiterianos pentecostais ou renovados ainda batizam crianças... que os adventistas da promessa profetizam a respeito do sábado... que na CCB os profetas declaram que não se deve guardar dia algum... que os profetas da AD promovem a santificação do Domingo... que os profetas anabatistas condenam o batismo infantil... etc, etc ,etc

Enfim pretensões e juízos humanos é tudo com que nos deparamos aqui.






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