quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Nona carta a Matias: pentecostalismo, protestantismo, espiritismo, papismo, ortodoxia ingênua e ortodoxia lúcida: Qual o CRITÉRIO ou padrão do Cristianismo

Caro e nobre Matias creio que já refletiste atentamente sobre o abismo em que tem tombado a consciência Cristã no curso dos séculos, a ponto de sacrificar sua especificidade, perder o seu vigor, reverter ao judaísmo farisaico e desaguar no islamismo ou na indiferença, para não dizermos ateísmo e materialismo??? De fato nestes tristes tempos cabalismo, wicanismo, islamismo, pentecostalismo, agnosticismo, materialismo e ateísmo parecem ser palavras de ordem...

Agora, dileto amigo; se é certo que enfermou e agoniza (Unamuno) a mesma instituição que inspirou o primeiro e mais vasto programa de ação e regeneração social  - Voltado para a promoção da pessoa humana (em Bizâncio e na Antiguidade Ocidental) e afirmação de sua dignidade - já testemunhado pela História temos de buscar uma explicação para tanto e apontar suas causas.

É serviço que se presta a condição humana identificar as causas porque tem sido sucessivamente obscurecida esta fé tendo em vista a revitalização desta mesma fé pela supressão das mesmas causas e a consequente retomada do programa social encetado pela Igreja Antiga, isto é, a edificação duma Sociedade humanitária e humanista.

Caso tenhamos diante de nós que a Encarnação tende a ampliar-se no mundo e a incorpora-lo por completo através da Igreja nossa Mãe ou como se queira da Cristandade; devemos considerar que uma Igreja fragilizada ou uma Cristandade espiritualmente enferma serão sempre incapazes de concretizar este mistério. Para que o mundo entre em contato com o Cristo total e seja por ele transformado segundo sua vontade é necessário que o veículo do Cristianismo esteja em boas ou melhor em excelentes condições.

De nossa parte estamos convencidos que um dos principais problemas relacionados com as 'fés' ou confissões 'cristãs' esta relacionado com a falta de um critério/padrão capaz de dar suporte a doutrina ou a Verdade. Sequer me refiro aquela parcela da Cristandade ainda hoje dominada pelo fetichismo crasso e cuja membresia ocupa-se apenas em obter favores, graças ou milagres de natureza material quais sejam a saúde do corpo, habitação, automovel, emprego, casamento, etc

Este já foram devidamente censurados pelo Mestre: "Viestes até mim não porque crestes mais porque vos enchi a barriga com pães e peixes." Assim sendo, se diante da mensagem divina e do Dom supremo que é a amizade de Cristo, tem seus olhos postos noutra direção, nem podemos deixar de encara-los como verdadeiros idólatras. Mesmo sem símbolos, imagens, esculturas ou ídolos não deixam eles de ser idólatras pelo simples fato de sobreporem suas necessidades imediatas a divina Revelação sujo objeto é a Verdade eterna, a respeito da qual eles sequer cogitam...

Para eles não é Deus verdadeiro aquele que cujo ministério é amparado pela luz da profecia e vaticínios antigos; mas aquele que lhes satisfaz as vontades! Então não temos o que discutir com aquele que tomam supostos milagres por demonstração em lugar de examinar a doutrina.

Feita tal reserva convém advertir a ti e aos mais que nos casos do pentecostalismo, do espiritismo e do papismo estamos diante de novas revelações ou adições feitas ao depósito da fé, e adições de caráter meramente subjetivo. Pois embora os devotos acreditem que por trás do profeta (vidente), do médium ou do papa esteja o Espírito Santo ou um Espírito desencarnado no frigir dos ovos, os videntes, os mediuns e os profetas possuem seu próprio espírito bem humano... tal e qual o espírito do papa que é um homem.

Eles declaram ou dizem que são usados por entidades sobrenaturais ou transcendentes; mas é apenas o que eles dizem e declaram...

Grosso modo qualquer um de nós pode muito bem apresentar-se como instrumento do espírito santo ou de qualquer espírito desencarnado. Para tanto basta querer e ter audácia!

No caso das comunicações espíritas por exemplo não há como fugir a constatação de que a doutrina ou a revelação ( a que chamam os franceses e brasileiros Kardecismo) esta fundamentada sobre bases demasiado frágeis. Primeiramente porque todos os espíritas medianamente esclarecidos sabem, e muito bem que a par das supostas comunicações sobrenaturais ou espiríticas existe um número considerável de comunicações animistas provenientes da própria mente ou espírito do médium.

O máximo que os espíritas podem fazer aqui é tentar demonstrar - e a nós pouco importa se com sucesso ou não - que parte das comunicações recebidas por seus médiuns é de origem sobrenatural, transcendente ou espirítica. Teórico espírita algum - seja L Denis, C Flammarion, G Delanne, Akssakof, Bozzano, Leopoldo Cirne, Ismael G Braga, Imbassahy, etc - ousou negar ou contestar tais fatos, quero dizer o ANIMISMO, tudo quanto os teóricos espíritas fizeram foi tentar demonstrar que em meio a este gigantes cipoal de origem puramente humana, há também ao menos algumas comunicações de natureza tanto mais complexa ou diferenciada.

Lamentavelmente a multidão de espíritas fanáticos - cujas leituras resumem-se aos romances da Krijanov e da Zíbia ou as mensagens do Chico Xavier e do Divaldo Franco - recebe toda e qualquer comunicação mediúnica como sobrenatural e sagrada...

Nem é peculiaridade dos espíritas ignorar os fundamentos doutrinários de seus sistema religioso num país em que a imensa maioria dos papistas jamais se deu ao trabalho de estudar as Encíclicas dos papas e em que os protestantes em quase que sua totalidade ignoram supinamente a História de sua tão querida reforma... De fato a leviandade do brasileiro em termos de estudos sagrados ou profanos (que dizer dos marxistas que jamais leram Marx ou dos anarquistas que jamais leram Kropotkin???) é como que seu 'pecado original'.

Ao espírita esclarecido no entanto cabe a grave e penosa tarefa de julgar tais comunicações... tendo plena consciência de que tal juízo é e sempre será puramente humano e falível. Assim quando o espírita julga qualquer comunicação, atribuindo-a a um espírito encarnado ou desencarnado esta julgando a doutrina ou o ensinamento partindo de seus princípios, valores, ideias, gostos e crenças pré concebidos os quais toma como padrão para decidir se algo é relevante, verdadeiro, sagrado, transcendente ou não. Aqui basicamente tudo, tanto o aceitar como o negar, é uma questão de vontade...

Se é ao espírita que cabe discernir o que é NATURAL do que é SOBRENATURAL, o que é PARANORMAL do que é ESPIRITUAL, o que é REVELADO do que é MENTAL, é ele mesmo, o espírita, o homem, a pessoa humana; que se faz padrão ou critério humano, natural e falível de suas crenças e jamais saímos do plano puramente humano do provável, do possível, do hipotético para chegarmos ao terreno do absolutamente verdadeiro ou indubitável.

Admitamos agora com a grande multidão de espíritas devotos que tudo quanto os médiuns declaram (apesar das contradições) seja mesmo proveniente do além... em que e de que modo tal concessão haverá de beneficiar a doutrina espírita enquanto 'terceira revelação'?

Ousamos dizer: Em absolutamente nada, nadica de nada...

E por que?

Primeiro porque a identidade dos espíritos comunicantes permanecerá sempre incerta como reconheceu o profo Erny.

Isto a ponto dos espíritas declararem que tal questão é irrelevante, ociosa ou supérflua... Todavia, até certo ponto a veracidade, a idoneidade e a credibilidade não podem deixar de ter alguma relação com a identidade.

Nem posso deixar de reconhecer que caso o objeto da comunicação seja resolver problemas pendentes de natureza ética, sejam suficientes as razões intuitivas do coração.

Outro no entanto é o caráter das comunicações que passados dois mil anos pretendam reformar a instituição Cristã, demolir seus dogmas arqui seculares e rivalizar se possível com nossos Evangelhos. Estas por alguma crítica mais séria devem passar e penso que tal crítica deva principiar pela identidade dos comunicantes...

Sendo assim, já no vestíbulo da polêmica fica o espiritismo desfalcado por jamais poder provar ou demonstrar satisfatoriamente que esta ou aquela entidade seja de fato quem declara ser e tanto mais aprofundamentos os questionamentos e críticas nas sessões tanto mais dúvidas e incertezas aparecem! Sem que se possa chegar a qualquer conclusão definitiva a respeito das graves personalidades do passado que os espíritas dizem visitar suas mesas...

Por outro lado, mesmo quando estabelecida - se possível fosse com um RG espiritual- a identidade DAQUELES QUE ENCONTRAVAM-SE TEMPORAL E ESPACIALMENTE TANTO MAIS PRÓXIMOS DE NÓS, os próprios teóricos espíritas reconhecem que tais personalidades, sendo de origem puramente humana possuem conhecimentos limitados e preconceitos arraigados!!!

De fato, segundo a doutrina espírita, sequer pode haver qualquer mudança mágica ou radical após a morte como supõem os católicos ingênuos e protestantes. Destarte o pobre o homem acaba levando para o túmulo ou para o além tanto seus defeitos de caráter quanto as crenças que lhe são mais caras. Assim nossos amigos espíritas não hesitam falar em espírito 'católico', espírito 'protestante', espírito 'deísta', etc

Concedem ainda nossos amigos espíritas melhor informados sobre suas crenças, que a maior parte dos espíritos que vagam por este nosso mundo sublunar são justamente os mais afastados do sagrado, os mais ignorantes, toscos e grosseiros... e que mesmo as comunicações feitas pelos guias mais elevados podem ser influenciadas tanto pela atmosfera das sessões e quanto pela imaginação dos 'sensitivos' produzindo uma atmosfera espiritual o mais das vezes turbulenta.

Imagine: é guia do lado de cá, é guia do lado de lá, mais a assistência, mais o espírito; enfim energias que sempre podem misturar-se. Pelo simples fato de que a telepatia não possui sinaleiro ou os seres envolvidos no processo, estrelas na testa. O próprio emprego deste telégrafo telepático parece muitas vezes prescindir de letras ou palavras, limitando-se a conceitos bastante vagos interpretados pelo médium carnal.

E nem podemos descartar que o médium do lado de lá dependa também de telepatia... ao menos em alguns casos.

E por esta via tortuosa insinua-se mais uma vez o resíduo humano do animismo, dando origem a interferências, associações e confusionismos de toda sorte.

Como já dissemos tal procedimento até pode ser bom para aliviar os corações cansados pela perda de um ente querido...

Parece-nos no entanto bastante precário no sentido de purificar ou reformar a verdade religiosa ou a revelação Cristã transmitida pelos veículos materiais, históricos e objetivos do Evangelho, da tradição e da Igreja Ortodoxa.

Basta dizer que no fim das contas a verificação de tudo: do caráter da comunicação, da identidade do comunicante e de sua índole jamais ultrapassam a esfera do humano ou do natural. São cogitações, conclusões, raciocínios, opiniões, teorias, etc apresentadas como verdades religiosas capazes de suplantar a palavra de Cristo codificada pelos evangelistas o que me parece demasiado pretencioso.

Grosso modo o espiritismo não me parece oferecer muito mais do que a reforma protestante: apenas os homens ou reformadores aqui estão mortos ou desencarnados. O objetivo porém é o mesmo... Nem posso deixar de encarar - ao menos de modo geral - o kardecismo como uma continuação ou segunda fase; no caso mística, da Reforma Protestante.

Caso passemos ao Pentecostalismo temos apenas uma mudança de nome.

Pois enquanto os médiuns espíritas reconhecem estar sob o controle de espíritos desencarnados de origem puramente humana - o que ao menos evidencia alguma humildade da parte deles - os pentecostais todos alegam estar 'possuídos' pelo espírito santo i é pela terceira pessoa da Santíssima Trindade, numa palavra PELO PRÓPRIO DEUS.

É o que eles dizem...

No entanto podem demonstra-lo???

De fato caro amigo, como já dissemos; alguns deles pretendem escorar-se em milagres. Como no entanto quase todas as outras religiões, inclusive a do papa, revindiquem - e até com mais razão - para si, a mesma capacidade, limitam-se os sectários a atribuir os supostos milagres apresentados pelas demais religiões, como tendo sido feitos pelo Diabo.

Em suma: eles mesmos julgam que os supostos milagres executados por seus líderes procedam de Deus, e todos os outros - alegados pelas religiões rivais - ao capeta... Assim é fácil demais companheiro...

Apenas pentecostais julgando favoravelmente sua própria causa.

Agora se todas as religiões fazem as mesmas alegações em torno de supostos milagres isto só prova uma coisa: que o milagre - caso exista - não sendo monopólio de determinada seita, nada pode provar em termos de Revelação ou de doutrina. Talvez sejam sempre fruto de fraude, auto sugestão ou poder mental (paranormalidade). TUDO MUITO HUMANO, ABSOLUTAMENTE HUMANO, DEMASIADO HUMANO...

Alguns pentecostais no entanto, sabem que a comunhão do homem com o Espírito Santo, deve produzir determinados frutos. Afinal nem pode uma árvore digna de sua condição deixar de produzir frutos, se boa bons frutos e se má maus frutos como declarou Nosso Senhor!!!

Quem no entanto haverá de julgar tal produção de frutos???

A exceção daqueles que como nós, não percebendo tais frutos, abandonaram tal sistema; tantos quantos permanecem sob o jugo dos falsos profetas julgam que tais frutos ali se encontrem; julgando mais uma vez em favor ou benefício de si mesmos.

Outros por fim alegam que os que tem o Espírito são capazes de reconhecer quem tem o Espírito... aqui o engano é duplo caso admitamos que se tratam apenas de dois homens pertencentes a mesma seita. Nada mais natural do que os profetas da mesma seita reconhecerem os profetas da mesma seita... são sempre juízos humanos atrelados a outros tantos juízos humanos.

Por outro lado para quem admite aprioristicamente, por questão de gosto ou vontade, que sua seita possui o Espírito Santo... todas as demonstrações a posteriori serão supérfluas ou desnecessárias. Porque já esta convencido antes de qualquer demonstração...

Dificil por outro lado é ver os pentecostais admitirem que seus colegas, pertencentes a outras seitas; possuam também eles o espírito santo... via de regra, os dissidentes, são guiados ou usados pelo espírito maligno!

Suponhamos no entanto que alguns ao menos admitam uma espécie de inspiração geral ou difusa que abarque todas as seitas protestantes. Neste caso sempre poderíamos perguntar-lhes por que cadas seita possui um corpo doutrinário ou credo diferente e enfim se o Espírito Santo pode contradizer-se ou ensinar doutrinas apostas...

Basta dizer que os presbiterianos pentecostais ou renovados ainda batizam crianças... que os adventistas da promessa profetizam a respeito do sábado... que na CCB os profetas declaram que não se deve guardar dia algum... que os profetas da AD promovem a santificação do Domingo... que os profetas anabatistas condenam o batismo infantil... etc, etc ,etc

Enfim pretensões e juízos humanos é tudo com que nos deparamos aqui.






quinta-feira, 31 de julho de 2014

Oitava carta a Matias - Judaísmo antigo, episcopalismo, protestantismo e a prática do espiritismo

Retomo aqui as questões que me foram enviadas na tua última carta.

De fato até vinte anos passados serviu-se a apologética protestante da apologética papista com o intuito de dar combate ao espiritismo. Curioso o fato de que a igreja romana tenha fornecido quase toda munição com que os líderes protestantes tem atacado as hostes kardequianas aqui no Brasil...

Diríamos que a Igreja romana mais uma vez 'meteu os pés pelas mãos' na medida em que concentrou seu fogo contra um adversário conciliador e respeitoso - o espiritismo - enquanto seu supremo adversário - o protestantismo - lançava-se ferozmente contra ela ao invés de dispersar suas energias.

Grosso modo todos os esforços empenhados por Klopembourg, Zioni, Soares, e outros 'espiritólogos' papistas, redundaram em proveito da propaganda protestante, e por dois motivos:

Antes de tudo porque desastrosamente deram vezo a judaização... e em seguida por que comprometeram a doutrina do sinergismo.

De fato não tem nem tinha o papismo (ou a Ortodoxia) como mover guerra a evocação dos mortos ou a prática do espiritismo sem recorrer aos escritos judaicos e de certo modo po-los em pé de igualdade com os escritos gregos do Novo Testamento. O que em certo sentido e de certo modo supõe a venenosa e nociva doutrina da inspiração plenária e linear... destarte toda esta apologética oportunista e viciada, posta em circulação pelo clero, tende a descambar no biblismo e a destruir - por reversão - toda nossa teologia episcopaliana.

Não sabem os papistas e ortodoxos que brincar com o antigo testamento e fortalecer sua autoridade é como brincar com fogo. SAIR DO TERRENO DO EVANGELHO OU DA ARENA NEO TESTAMENTÁRIA É SUICÍDIO PARA A ORTODOXIA!!!

No frigir dos ovos quando os Ortodoxos e papistas põem-se a citar os supostos decretos de Moisés contra os necromantes, dão plena razão aos protestantes quando estes põe-se a citar o preceito do Decalogo contra o culto que tributamos as imagens do abençoado Salvador, de sua mãe, dos apóstolos e dos mártires...

No entanto Ortodoxos e papistas sabem ou deveriam saber e muito bem que nossa lei não é a de Moisés mas a de Jesus Cristo contida no Evangelho. A lei mosaica dada foi aos judeus por seus mestres e doutores, a lei Cristã e Católica esta foi consignada no Evangelho e decretada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

A lei de Moisés é de origem étnica e puramente humana. A lei de Jesus Cristo apenas é celestial e divina!

Ignorar este mistério divino é fazer do Catolicismo Ortodoxo uma seita israelítica ou um ramo do judaismo...

Grosso modo podemos dizer que os decretos de Moisés não tem validade alguma para a igreja de Cristo! Isto é tão certo que não fazemos reforma agrária de jubileu a jubileu, que não nos abstemos de animais 'imundos', que semeamos diversos grãos no mesmo veio, que misturamos diversos tipos de tecido, que não aborrecemos a nudez, raspamos nossas barbas, etc, etc, etc VIOLANDO POSITIVAMENTE CADA UMA DAS LEIS DADAS A CASA DE ISRAEL...

Então a que propósito vem estas normas e regulamentos baixados pelo templo contra a necromancia??? A PROPÓSITO ALGUM. Nada disto faz parte da Revelação Cristã ou da lei divina... DO CONTRÁRIO TODOS OS CRISTÃOS EPISCOPAIS SERIAM RÉUS DE PECADO POR CONSUMIREM STROGONOFF OU GALINHA A CABIDELA!!!

Deitar pedras a prática do espiritismo todos querem, porque é demasiado fácil... preparar ou consumir alimentos Kosher não querem... e apelam a liberdade de Jesus Cristo!

Mas em que parte do NT Jesus ou os apóstolos citaram e validaram os mandamentos de Moisés contra a necromancia??? EM PARTE ALGUMA!!!

Jesus jamais confirmou ou manteve de pé as tais normas ou regulamentos anti espiritas!

E no entanto toda teologia Ortodoxa esta firmada sobre este princípio: TUDO QUANTO FAZIA PARTE DA LEI MOSAICA E NÃO FOI EXPLICITAMENTE CONFIRMADO OU VALIDADO POR JESUS CRISTO OU PELOS APÓSTOLOS REVOGADO FOI!!! Dai a especificidade da teologia Católica ou episcopal....

Os sectários protestantes, com base da periculosa doutrina da inspiração plenária e linear é que costumam supor o oposto: Que tudo quanto não foi explicitamente revogado por Jesus permanece de pé. O que de imediato confere ao sistema Calvinista um sabor judaizante ou a conotação de um ramo do judaísmo.
A Ortodoxia no entanto não encara a si mesma como um ramo do judaísmo, mas como uma Revelação divina e auto suficiente, apenas anunciada - no que diz respeito a manifestação do Revelador - em parte pelos profetas judeus...

Agora os protestantes não levam seus próprios princípios muito a sério porque Jesus Cristo jamais revogou o regulamento do estupro, o regulamento da semeadura dos grãos, o regulamento dos tecidos e do traje, o regulamento da barba, o regulamento da nudez, etc OS QUAIS DE MODO ALGUM SÃO POSTOS EM PRÁTICA POR NOSSOS 'BÍBLICOS' ou profetas...

Muito menos pelos Ortodoxos e papistas, os quais segundo nossos sectários protestantes vivem como verdadeiros pagãos ou seja sem consideração das práticas e costumes judaicos. Bem, melhor viver segundo a lei espiritual e eterna do amor e da justiça como os nossos do que reeditar as leis dos escribas e fariseus com dois pesos e duas medidas ou seja até onde nos agrade...

Com razão os espiritas teem convidado papistas e protestantes, que contra eles recorrem a lei de Moisés, a usarem emblemas e filactérios - uma vez que Jesus jamais aboliu oficialmente seu uso! - ou permitirem que os pobrezinhos respiguem nas beiradas de suas fazendas... Isto porém eles não querem!!! E declaram peremptoriamente que é de Moisés e não de Jesus! Acontece que Jesus jamais revogou as leis suntuárias dos judeus e que tampouco repetiu as condenações a necromancia...

Conclusão: Não pode o Cristianismo Ortodoxo condenar a prática (dizemos prática e não doutrina!!!) do espiritismo ou da evocação dos mortos sem tornar ao pocilga de Moisés e judaizar! Todo vezo anti espirítico é empréstimo da sinagoga e não parte efetiva da revelação Cristã! É ganga farisaica e não Catolicismo! Que o protestantismo nela deite e role é absolutamente compreensível... que o Catolicismo imite-o em sua apologética sumamente catastrófico!

É como se o Catolicismo tivesse dito a seus filhos: Ide ao antigo testamento para julgar o espiritismo... em seguida vem o pastor e declara: Servi-vos dele para julgar o Catolicismo> IDE A BÍBLIA... e pronto, o estrago esta feito! Pouca coisa conseguiria o protestantismo, de concreto, contra a ortodoxia; no Evangelho... O Antigo testamento no entanto constitui seus arsenal. Destarte todo e qualquer recurso a ele em matéria de teologia Católica ou de apologética deveria ser proibido ou cautelosamente empregado!

Foi a infeliz ideia dos Klopembourg, Zioni, Soares, etc de recorrer a Moisés E APADRINHA-LO COM O 'ESTA ESCRITO' que acabou revertendo contra o papismo e causando toda esta situação de apostasia generalizada! Ora as seitas judaizantes colhem os louros da vitória e pretendem já tudo subverter e instalar a teocracia!

Deve a Igreja firmar-se prioritariamente sobre o Evangelho e em seguida sobre a pena apostólica que é fundamento sólido, rochoso e divino e não sobre a areia movediça das leis judaicas, que é fundamento humano e perecível.

Implica isto admitir ou aceitar cabalmente a prática do espiritismo com fins éticos ou imediatistas?

É até possível.

Implica no entanto que prática da evocação dos mortos deva ser julgada segundo o critério da racionalidade e que, na medida em que NÃO SE IMISCUA EM TERMOS DE DOUTRINA CRISTÃ CATÓLICA - mantendo-se no plano da prática apenas - SEJA TOLERADA OU MESMO DIRIGIDA E FISCALIZADA PELA IGREJA... Afinal é sempre melhor dirigir e fiscalizar do que pura e simplesmente condenar.

O problema como já dissemos é a doutrina espirita (kardecista) ou melhor dizendo parte dela, a parte concernente a Cristologia ou a doutrina de Jesus Cristo e dos Sacramentos. A disputa entre protestantismo 'ortodoxo' e espiritismo é muito mais 'ampla' e grave... Em que pese o arianismo comunicado ao espiritismo pelo protestantismo liberal há mais traços ou pontos em comum entre as doutrinas Ortodoxa e espírita do que se supõe.

Seja como for a questão entre Catolicismo e espiritismo é mais de doutrina ou fé do que de prática.

Nem ignoramos que o Bispo Theodoro Santabarenos, aliado de S Fócio; tenha exercido espiritismo e por isso sido acusado pelos apóstolos da judaização... Nós simplesmente não damos demasiada atenção aquilo que por assim dizer não altera a doutrina imaculada e pura... O protestantismo no entanto, com ser recurso ao antigo testamento e sua reforma judaizante, este sim iniciou a demolição da Santa e pura doutrina! Sendo por isso mesmo muito mais perigoso e nefasto que o espiritismo.

Quando o espiritismo declara a Santa Igreja de Cristo apóstata limita-se como sempre a repetir o que ouviu dos instrutores protestantes... No protestantismo apenas encontra a igreja sua total inversão ou negação! Especialmente porque ele finge manter a doutrina da Encarnação (TAJASSUD) enquanto simultaneamente repudia as decorrências deste Santo Mistério: a vida sacramental, a maternidade divina, as ícones, as obras, etc

O espiritismo como o protestantismo liberal, não assume o mistério. O protestantismo Ortodoxo é muito mais culpado, pois assume-o mas recusa-se a leva-lo adiante... A Ortodoxia ou o Catolicismo é o desenvolver e o frutificar do mistério da Encarnação do Verbo no mundo material.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Sétima carta a Matias - Em torno do Catolicismo, do Espiritismo e do protestantismo

Recebi e li com atenção tua última carta e achei deveras interessante.

Diante disto tentarei responder do melhor modo possível as questões que com tanta argúcia foram formuladas.

Afinal de contas trata-se de um terreno bastante confuso e sujeito aos mais lamentáveis equívocos. Tentemos então lançar um pouco de luz sobre eles!

Quanto aos padrões a respeito dos quais indagastes temos quatro:

  • Catolicismo Ortodoxo: A tradição dos Doutores ou Mestres dos primeiros séculos (Idjima - acordo)
  • Igreja romana ou papismo: A autoridade do Papa romano (in ex Cathedra)
  • Protestantismo: O livro ou a Bíblia sob o prisma da inspiração plenária e linear (Biblismo)
  • Espiritismo: As supostas comunicações dos mortos ou espíritos desencarnados


Tais seriam as 'fontes' ou fundamentos doutrinários de cada sistema.

Apreciemos agora, tanto mais de perto a perspectiva espirita.

Não a predominante nos meios 'ortodoxos' ou oficiais do Kardecismo - e comumente assumida elas críticas romana ( anglicana - Ortodoxa) e protestante - senão outra mais difusa...

Assim, em que pese o Kardecismo e seus críticos, podemos dividir o espiritismo em duas partes:

  1. Prática
  2. Doutrina, fé, credo ou teoria
Atualmente ambas encontram-se oficialmente ou mesmo comumente associadas no sistema Kardecista.


DO ESPIRITISMO ENQUANTO PRÁTICA

Devemos observar no entanto que a nível de prática remonta o espiritismo a milênios antes da Era Cristã ou mesmo do advento do monoteísmo (Tawid). E que constituía uma prática quase que universal.

Basta dizer que os próprios israelitas tinham conhecimento dele e punham-no em prática ao tempo dos soffetins ou juízes (século XI ou X a C), segundo podemos ler no relato da 'pitonisia de Endor', lamentavelmente retocado e desfigurado pelos reformadores dos séculos VII e VI. Pois a prática do espiritismo só foi condenada pelos sacerdotes judeus e proibida pelos sacerdotes e profetas deuteronomistas... Mais para marcar diferença com o 'paganismo' do que por qualquer outra razão...

Seja como for depara-mo-nos com a prática do espiritismo associada a diversas teorias e doutrinas religiosas ou mesmo desvinculada de qualquer teoria, credo ou doutrina religioso, isto é, enquanto pura e simples 'práticas' despojada de qualquer conotação 'instrutiva'.

É exatamente o que se sucede ainda hoje na Ásia onde a prática do espiritismo encontra-se fortemente ligada as crenças hindus e budistas... Na China porém, como em diversas tribos africanas e ameríndias, encontra-se ele dissociado de qualquer doutrina ou credo, subsistindo enquanto pura e simples prática com fins tanto mais práticos ou imediatistas.

Eis porque não devemos estranhar que tenha sido igualmente posto em prática - nos EUA e Inglaterra - por líderes, teólogos e membros da Igreja Anglicana, e que no Brasil tenha sido favoravelmente acolhido - como prática - por parte dos fiéis da igreja romana (apesar da feroz oposição feita pelo clero) e geralmente sem prejuízo da doutrina Cristã.

Esta participação de diversas 'fés' ou ausência de 'fé' no espiritismo tem propiciado certa mistura, certa associação, certa comunicabilidade credal em termos de sincretismo ou de ecletismo.

Importa saber que o Espiritismo enquanto evocação de mortos é uma prática religiosa quase tão comum quanto a oração e não um monopólio do espiritismo ou dos espíritas doutrinários.


DO ESPIRITISMO ENQUANTO CREDO

Enquanto credo ou doutrina é necessário cindir o espiritismo em duas partes:

  1. Parte Ética
  2. Parte mística


É bom ressaltar que quanto a sua parte Ética - em termos de princípios e valores voltados para a ação humana - esta o espiritismo mais próximo do episcopalismo - anglicanismo, Ortodoxia e mesmo romanismo - do que se pode imaginar. Pelo simples fato dos espíritas, como nós sinergistas, afirmarem insistentemente que as obras são necessária e que não há qualquer possibilidade de redenção sem amor ou caridade.

Nem erram quando dizem e declaram que 'Fora da caridade não há salvação' (RECORDEMOS SEMPRE COM CARINHO O QUE FOI DITO PELO TEÓFORO AMBRÓSIO A RESPEITO DA VERDADE: "NÃO HÁ VERDADE ALGUMA QUE NÃO PROCEDA DO ESPÍRITO SANTO"!!!) pois a caridade nada mais é o fundamento mais remoto da ORTOPRAXIA, daí o arcipreste Bulgacoff ter definido a Ortodoxia como a religião do AMOR.

Inda que distorcido ou mal formulado temos aqui um sentido ou espírito legitimamente Católico, Ortodoxo e Cristão.

Tomado pelo Espiritismo a Igreja antiga - de que saíram seus fundadores e com que conviveram - ou a pura e simples leitura do Evangelho isenta de preconceitos protestantes.

Assim os supostos espíritos limitam-se a reproduzir o que os pioneiros tomaram ao Evangelho e a tradição eclesiástica sobre a necessidade de vivenciar o Cristianismo integralmente. E nem podemos deixar de reconhecer que desta fidelidade ao Evangelho em termos de Ética, procede toda força moral de que ainda hoje goza o kardecismo mesmo entre ateus, pagãos, irreligiosos e episcopais (aqui no Brasil romanistas).

Quantas vezes não ouvi eu mesmo da boca dos mais piedosos sacerdotes ou de leigos ilustrados: nós anunciamos a caridade de nossos púlpitos os espíritas exercem-na... nós determinamos a prática das boas obras e parece que só os espíritas obedecem... evidentemente porque estávamos já diante de um romanismo ou duma ortodoxia protestantizados...

APRECIEMOS AGORA A COMPOSIÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA.

Bem o sabes que nossos amigos espíritas atribuem suas crenças aos espíritos...

Em verdade porém procedem de três fontes absolutamente naturais:

  • O Cristianismo antigo, Ortodoxia ou Catolicismo
  • O protestantismo liberal
  • O orientalismo.



É necessário prestar atenção a estas fontes se desejamos compreender de fato a tão decantada similaridade do espiritismo com a Ortodoxia ou seu parentesco com a fé Católica. Porque tem ele, o espiritismo, exercido tanto fascínio entre os fiéis procedentes das três formas de episcopalismo (como o romanismo no Brasil) espalhadas pelo mundo?

A resposta a tua pergunta é bastante simples caro Matias.

Inclina-se parte de nossos fiéis ao espiritismo porque (Além da Ética) parte da doutrina espirita - referente ao homem (antropológica), aos novíssimos e a escatologia - foi tomada ao Cristianismo antigo ou a Ortodoxia. 

Como a Ortodoxia (e parte considerável do anglicanismo e do papismo - as menos infectadas pelo agostinianismo/calvinismo) é o espiritismo semi pelagiano ou se quiseres sinergista/arminiano (reconhece o dom divino da liberdade e a necessidade da colaboração por parte da criatura racional), como a Ortodoxia repudia a doutrina suja do juízo particular e como a maior parte dela repudia a doutrina das penas eternas ou do infernismo; enfim tantos quantos nutrem vivo horror aos termos finais da 'escolástica' protestante (predestinacionismo, juízo particular e penas eternas) sentem-se impelidos a aproximar-se da doutrina espírita... por corresponder exatamente a tradição primitiva da Igreja ora professada integralmente apenas pela Igreja Oriental ou Ortodoxa.

Destarte não é dificil aos Católicos perplexos darem instintivamente com parte do conteúdo da fé ancestral no bojo da doutrina espírita.

Chegamos então a tua outra pergunta:

Apesar disto por que jamais sucedeu verdadeiro êxodo de papistas ou mesmo anglicanos para o espiritismo?

Para respondermos a esta pergunta devemos considerar a segunda fonte em questão: o protestantismo liberal.

Via de regra tanto os Episcopais quanto os protestantes 'ortodoxos', sentem verdadeiro asco pela doutrina espírita a respeito de Jesus Cristo (cristologia), a qual para os primeiros constitui o calcanhar de Aquiles ou ponto de ruptura entre CATOLICISMO e espiritismo. Aqui faz-se mister advertir aos protestantes 'ortodoxos' que é justamente do protestantismo, do protestantismo liberal; que procede a parte verdadeiramente negativa da doutrina espirita i é O ARIANISMO OU UNITARISMO.

Foi dos Mestres protestantes liberais que os espiritas aprenderam a considerar Jesus Cristo como puro e simples homem ou mera criatura igual a nós, ou seja, sob o mesmo prisma que os incrédulos, judeus e maometanos. Foi incitado pelos protestantes que Kardec - Aluno do grande Pestallozi - veio a repudiar a fé nicena ou atanasiana na divindade do Verbo.

Bom seria que todos os protestantes mal informados antes de lançarem pedras ao espiritismo tendo em vista seu conteúdo ariano, passassem a contemplar, como num espelho, esta imundície que torna o espiritismo tão repugnante ou indigesto aos papistas, como herança ou legado de sua triste reforma! É de fato o espiritismo incompatível com o 'espírito' Católico ou Ortodoxo na medida em que reproduz o conteúdo protestante do unitarismo e nega veementemente a ENCARNAÇÃO (TAJASSUD) DO VERBO ou de Deus, no mundo material.

O espiritismo também tornou-se culpado por potencializar e levar adiante o conteúdo NEO PLATÔNICO ou ESPIRITUALIZANTE introduzido no corpo do Cristianismo por U Zwinglio no décimo sexto século desta Era. De fato U Zwinglio foi o primeiro, que tendo encarado a doutrina sacramental da Igreja de Cristo como materialista, aspirou por desmantela-la e chegou a afirmar claramente a invisibilidade da Igreja estabelecida pelo Deus QUE SE FEZ VISÍVEL ENTRE OS HOMENS..
E os Zwinglianos iniciaram sua cruzada contra a Eucaristia (Que reproduz o mesmo mistério no pão) as Imagens (Que patenteiam a encarnação do Verbo) a vida monacal (Que patenteia no mais alto grau o modo de viver Cristão) as obras (Que fixam concretamente a vontade de Deus neste mundo) buscando obscurecer todos os vestígios ou sinais da Encarnação ou da presença do Verbo no mundo. Desde então foi posto em operação o mistério da reversão ou DESENCARNAÇÃO DO VERBO, não pelos espíritas, mas pelos protestantes, em especial os zwinglianos e anabatistas...

Os protestantes é que iniciaram a demolição do Atanasianismo e da Encarnação, i é as bases do nosso Cristianismo tendo em vista a restauração DO JUDAÍSMO ou a introdução do Islã como de fato temos observado! Os espíritas limitaram-se a dar continuidade ao processo ou a potencializa-lo... Ao classificarem o romanismo ou a ortodoxia como sistemas materiais ou materialista (sem terem levado em conta as decorrências do Mistério da Encarnação) os protestantes acabaram exilando o Cristianismo nas esferas superiores do céu ou 'mandando-o de volta', quando o objetivo do fermento trazido pelo Mestre era levedar toda massa... Deveria ser o mistério potencializado pela reforma ética das estruturas materiais iniquas que caracterizam a ordem social neste mundo; Lutero e Zwinglio no entanto cortaram passo e travaram este processo...

Graças a Lutero e Zwinglio i é ao conteúdo neo platonizante e maniqueu lançado por eles o Cristianismo entra em Crise justamente porque deixar de assumir concretamente o mundo ou desistir de transforma-lo. E o protestantismo já foi definido como sistema realista justamente por ter abjurado deste ideal, o qual, ao menos formalmente, jamais foram abjurado pela Ortodoxia ou pelo papismo...

Curioso no entanto é que, por amor talvez ao judaísmo, tenham Lutero e Zwinglio mantido a crença na ressurreição do corpo... Tem pois o espiritismo todo direito de apontar para o protestantismo e de classifica-lo como este classificara a Igreja três séculos antes ou seja como sistema materialista e grosseiro! Põe os espiritas a luz a incoerência manifesta dos protestante e leva a frente a 'cruzada' espiritualizante iniciada por eles...

A Igreja no Entanto, por uma questão de coerência, professando a Encarnação do Verbo, a maternidade divina de Santa Maria, a economia sacramental, a iconofilia, o sinergismo, o monacato, uma certa doutrina social, etc NÃO PODE DEIXAR DE PROFESSAR IGUALMENTE A DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO DOS CORPOS (não da mesma carne sepultada como já advertia Origenes, mas da forma visível e material do corpo) e de abrir mais um foço entre a doutrina Cristã e apostólica e a doutrina espírita, ainda aqui tributária do protestantismo liberal...

Rigorosamente fiel ao padrão da Encarnação - Maternidade divina, presença real no sacramento, iconofilia, sinergismo, ressurreição, etc - é defeso a igreja antiga ou Ortodoxa tecer críticas (respeitosas) a DOUTRINA espírita ou Kardecista, como também é dever seu reconhecer o conteúdo desta doutrina que esta de acordo com sua tradição ancestral - como o semi pelagianismo, o estado intermediário e a restauração universal - e valoriza-lo.

Quanto ao protestantismo porém, tendo o rabo sujo, não lhe cabe direito algum de vociferar contra o espiritismo... afinal qualquer espírita mais ilustrado poderia atalhar com toda razão: foi graças a vosso exemplo que fomos levados a repudiar a idolatria eclesiástica ou seja a doutrina da divindade de Cristo; foram vocês protestantes que nos revelaram a natureza puramente humano do filho de Maria... de vós é que recebemos a boa doutrina do unitarismo!
Vieram os protestantes e denunciaram a Igreja de Cristo, igreja que ele fundara e que se comprometerá a proteger, como corrupta... Vieram os espíritas e tiraram as conclusões: Igreja corrupta = fundador humano... igreja falível = fundador falível... Igreja frágil - fundador frágil... Se era de fato Deus Todo Poderoso por que não foi capaz de amparar a organização que fundou???

Perceba, caro Matias, que a doutrina protestante da apostasia da Igreja antiga, esta doutrina é que é o caminho da suprema apostasia, o caminho do arianismo e consequentemente do deísmo, do judaísmo e do islã!  Hoje apenas - ano 2000 - observamos estas grandes pedras caindo, estas muralhas desabando e o chão coalhado de blocos e ruínas monumentais... tudo no entanto foi solapado a meio milênio por Lutero, Zwinglio e Calvino, pois foram eles que introduziram no organismo da Cristandade - ora agonizante (no dizer de Unamuno - o costume ou a nova tradição de duvidar!!!

Não creiam na Igreja, disseram eles... cinco século depois e com toda razão grita a Cristandade: Para que??? Para acreditar no testemunho de homens ou indivíduos como vós??? MELHOR NÃO CRER EM COISA ALGUMA - OU A IGREJA ANTIGA OU NADA!!!

Por fim a terceira fonte da doutrina espirita ou melhor kardecista é o orientalismo.

Foi desta via que o espiritismo francófono recebeu a doutrina da Reencarnação.

Grosso modo os protestantes e em certa medida os papistas mal informados costumam associar a doutrina da reencarnação ao espiritismo e tomar uma coisa pela outra.

A associação no entanto é artificiosa. Basta dizer que os espiritas anglófonos ou não kardecistas repudiam a teoria da reencarnação e que este ramo fora codificado pelo Juiz Edmonds antes que Kardec iniciasse sua obra. Por outro lado a doutrina da reencarnação tem sido tradicionalmente professada como dogma pelos sistemas hinduísta e budísta sem que haja qualquer relação direta com práticas espiritistas.

Quanto a avaliação desta doutrina pelo Cristianismo depara-mo-nos com apreciações extremas.

Primeiramente porque foram levantadas algumas objeções infundadas tendo em vista o mistério da Ressurreição. No frigir dos ovos porém não são insolúveis.

Basta supor que cada espírito, após ter passado por vários corpos e atingido Jesus Cristo, receberá a forma de um corpo humano ou mesmo o DNA do derradeiro corpo terreno, com que chegou a Cristo.

Esta contradição é mais maliciosa do que intransponível.

Outra aparentemente mais séria entre os Cristãos cultos diz respeito da redenção ou a obra de Cristo.

Não é nem um pouco incomum ouvirmos Ortodoxos, papistas e anglicanos alegando que a doutrina da reencarnação anula ou destrói o ofício de Jesus Cristo.

De fato entre os protestantes ortodoxos, enquanto monergistas, é esta alegação absolutamente necessária. Se é Deus quem realiza sozinho e magicamente toda obra da redenção - de modo que nada fica restando para o homem realizar - é evidente que a doutrina da reencarnação converte-se numa heresia. Os sectários protestantes tem captado intuitivamente esta ilação...

De fato monergismo, solifideismo, predestinacionismo; enfim, protestantismo ortodoxo e reencarnacionismo são perspectivas excludentes e inconciliáveis.

Outra no entanto é a perspectiva Ortodoxa e Católica ou mesmo a romanista, pelo simples fato de sermos sinergistas e de professarmos a doutrina da colaboração ou da ação conjunta da liberdade humana com a graça divina.

Grosso modo Ortodoxos e papistas, sempre muito mal informados, ignoram que sejam considerados heréticos pelos protestantes pelo simples fato de admitirem a liberdade humana ou por introduzirem a vontade, a iniciativa ou o esforço entre Deus e o homem. Basta que Deus não realize tudo sozinho para que os protestantes encarem seus objetores como heréticos...

E no entanto os Ortodoxos e papistas acreditam que neste mundo material e nesta vida é perfeitamente possível ao homem colaborar ou cooperar com a divindade formando uma espécie de parceria.

Destarte a incoerência dos episcopais mal informados é manifesta: pois negam para o além túmulo o que admitem para esta vida... REPRODUZEM O ERRO DOS PROTESTANTES QUE ADMITEM A INTERCESSÃO ENTRE OS VIVOS NESTA VIDA E NEGAM-NA NA OUTRA VIDA!!! 
Então se o ofício de Cristo é auxiliar o homem, o homem tanto pode ser auxiliado e aderir ao Cristo numa vida como em diversas vidas - caso esta seja a lei - o que não implica diferença alguma. E SE DEVE ELE, REPARAR CONCRETAMENTE SEUS ERROS E CUMPRIR PENITÊNCIA DE SEUS PECADOS NESTA VIDA POR QUE NÃO PODERIA FAZER A MESMA PENITÊNCIA - sempre na comunhão ou Unidade de Cristo - NOUTRAS VIDAS OU CONTINUAR A REPARAR SEUS PECADOS???

Quero dizer com isto que a doutrina da Reencarnação não altera em nada a doutrina soteriológica da Ortodoxia ou mesmo do papismo por ser sinergista e afirmar a necessidade da reparação concreta ou material dos pecados. Não existe qualquer oposição em termos absolutos podendo inclusive esta doutrina trazer um enriquecimento teológico sendo considerada como uma espécie de caminho para o Cristo ou de penitência alargando o cenário espiritual obscurecido pelo agostinianismo no decorrer da Idade Média. De fato ela bem pode corresponder a uma possibilidade de superação face ao particularismo e as restrições com que o Cristianismo foi sucessivamente onerado pelos expositores ocidentais.




 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Pequeno vocabulário árabe Cristão





DEDICADO A TODO POVO CRISTÃO ORTODOXO:

Assírio
Siríaco
Copa
Armênio
Grego

E A TODAS AS SANTAS IGREJAS DE CRISTO QUE VIVEM DA SANTA FÉ CATÓLICA E GUARDAM IMACULADAMENTE AS TRADIÇÕES DOS ANCESTRAIS!
A
  1. Abd el Massih- Servidor de Cristo
  2. Abu - Pai em sentido natural ou monástico
  3. Abuna - Padre, presbíter
  4. Afkharistiya - Eucaristia
  5. Al Ab - Pai
  6. Al Batullah - A Virgem: MARIA
  7. Allah - Al Illah O Deus - Deus
  8. Allah Akbar - Grande Deus
  9. Allah Awaliya - Deus protetor
  10. Anabakt - Amor, serviço
  11. Ansarah - Pentecostes
  12. Ayat - Milagre ou testemunho miraculoso

B

  1. Barazak - Mundo intermediário
  2. Bayyianat - Evidência
  3. Bidah - Inovação
  4. Bismi L Abi wa L Ibni wa r-Rûhi I Qudush Al Llâhu I Wâhid - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo UM SÓ DEUS

D
  1. Dahri - Materialista

F

  1. Fitra - Inclinação religiosa espontânea
  2. Frank - Latino ou papista, membro da igreja cismática de Roma.
H

  1. Ahl al Hadith - Povo da tradição, os Ortodoxos
  2. Handu Ilallah - Louvor a Deus.

I

  1. Idjima - Acordo entre os Padres da Igreja, testemunho comum da tradição
  2. Iquna - Do grego Icone > Imagem (pintada)
  3. Injil - O Evangelho
  4. Isnad - Testemunhos da tradição

J

  1. Jamil - O formoso (título de Deus)
  2. Jaras - Os sinos das igrejas
K

  1. Kaniçat - Igreja
  2. Kafir - Infiel
  3. Kassis - Padre
  4. Katholikiyyah - Catolicismo
  5. Kitab - Livro
  6. Kulli w Qiddisin - Todos os Santos
M

  1. Maryamu l-'Adhra - Virgem Maria
  2. Masihi - Cristão
  3. Masihiyyah - Cristianismo
  4. Mawta - Falecidos
  5. Milad (al) - Natividade, Natal.
  6. Millal - Religião
  7. Mubassir - Missionário
  8. Mûdiyyah (al ) - Batismo
  9. Mukaddas - Sagrado
  10. Mundir - Pregador
  11. Murjiyyah - Solifideista, luterano
  12. Murraka - Cemitério 
  13. Mutakhal - Escolástico
N

  1. Nafç - Alma
  2. Nazrani - Cristão
  3. Nihal - Seita/heresia
O

  1. Orthodoxi - Ortodoxia
  2. Oscof - Bispo
Q

  1. Qadarith ou Qadaryyah - Predestinacionista, calvinista
  2. Qiyâmah (al) - Páscoa
  3. Qibla - Orientação dos templos > Oriente, Jerusalém
  4. Qiyas - Raciocínio
  5. Qourban - Liturgia, hierurgia, sinaxe, missa.
  6. Qudush (al) - Jerusalém


R

  1. Raheb - Monge.
  2. Rasoul - Legatário, vigário, comendador; para os Cristãos os apóstolos
  3. Roum - Os Católicos Ortodoxos

S

  1. Sadak - Esmola
  2. Salat al Janaza - Prece pelos mortos
  3. Salib (al) - Cruz
  4. S-Ṣu‘ūdi lil-Masīḥ - Ascensão do Senhor
T

  1. Tafsir - Boa nova
  2. Tamid (al tansira) - Tornar-se Cristão
  3. Taurat - A Torá dos infiéis
  4. Tajassud (al) - Mistério da ENCARNAÇÃO
  5. Thaluth (ath) - Mistério da S TRINDADE
Y

  1. Yâsu - Jesus (Os infiéis empregam Isa)
Z

  1. Zabur al Dawid - Os Salmos dos judeus
  2. Zubur - Escritura



quarta-feira, 23 de julho de 2014

Sexta carta a Matias: Van Gogh, Rubem Alves, Ariano Suassuna e o protestantismo

Acabo de receber tua carta na qual te referes a fé de Rubem Alves...

De fato este grande homem foi, como o Ariano Suassuna, educado e formado sob a influência da fé protestante, calvinista alias.

Ariano todavia, ainda nos bons tempos anteriores ao concílio do Vaticano II, abjurou a fé protestante e tornou-se papista.

Como já haviam feito entre nós o Dr Eurípedes Cardoso de Menezes e Crimilde Leite de Aguiar.

Alves no entanto aceitou o desafio de ser pastor. E como Van Gogh esperava por meio do pastorado reduzir as dores do mundo, dar combate as injustiças, promover a dignidade da pessoa humana, erradicar os preconceitos, denunciar os farisaísmos, etc

'Não queria caminhar com os eleitos antes da hora.'  declarou Alves certa vez, mas com os oprimidos, os excluídos, os marginalizados...

Nada mais Cristão, nada mais natural, nada mais nobre, divino e excelente caro Matias.

Van Gogh desejando confortar os pobres mineiros, levando-lhes o pão material e o pão espiritual... e nosso Rubem desejando confortar e redimir nossos trabalhadores, campesinos, estudantes...

Acontece que o protestantismo ou melhor o clero protestante viu mal nisto...

COMO É QUE É PROFESSOR???!!!???

O clero protestante achou mal que Van Gogh e Rubem Alves pugnassem pela promoção humana e denunciassem as injustiças visando a construção de um mundo melhor, mais justo e fraterno???

Sim caro Matias, o protestantismo viu mal e muito mal que um e outro buscassem - além da redenção espiritual no além túmulo - também uma redenção mais palpável ou material neste mundo! Pois como para parte dos Ortodoxos e papistas mal situados, para a quase totalidade dos protestantes - que constituem a ponta de lança do PLATONISMO 'CRISTÃO' - a ideia de uma redenção completa, que principie por este mundo ou seja pela eliminação das estruturas sociais injustas, soa a materialismo...

Segundo creem tais pessoas a redenção comunicada por Cristo jamais ultrapassa os límites do espírito... e sendo assim jamais atinge os domínios da materialidade ou do corpo físico. COISA ESTRANHA É QUE ELAS JAMAIS SE DÃO CONTA DE QUE PARA IMPLEMENTAR ESTE TIPO DE REDENÇÃO PURAMENTE ESPIRITUAL O ESPÍRITO PURO ASSUMIU A FORMA DE HOMEM MATERIAL...
Daí o desconforto sentido pelos protestantes ou pastores de boa vontade como Van Gogh e Alves, descambando o primeiro no ateísmo.

Quanto a Alves veio a adotar um tipo de Cristianismo não institucional, i é, nem protestante, nem episcopal, nem espírita... e até certo ponto sintonizado com diversas matrizes religiosas.

Importa saber que em qualquer um dos casos - do pintor holandês, de Alves ou de Suassuna - estamos sempre diante do mesmo drama: o protestantismo uma vez raciocinado sucumbe face aos imperativos do ateísmo, da incredulidade ou do episcopalismo... só se conserva protestante aquele que ousa restringir o dom de Deus ou seja o uso da razão e que se abstém de refletir a respeito do problema religioso e dos fundamentos espirituais canonizados pelos reformadores.

Triste o estado de uma forma religiosa que para prosperar exorta seus adeptos a absterem-se de pensar qualificando toda e qualquer espécie de dúvida ou de hesitação como demoníaca. Mesmo entre as massas medianamente instruídas apenas o pavor supersticioso inspirado pela crença no diabo e no inferno é capaz de conte-las nos estreitos limites do protestantismo e de impedir que passem ao domínio da incredulidade.

Grosso modo o protestante inculto mantem-se filiado a sua seita não pela esperança do paraíso e menos ainda pela posse da verdade - coisa de que geralmente não cuidam - mas pela esperança fetichista de obter coisas materiais como carro, casa, saúde, etc É para esta vida, em termos puramente imediatistas que professam o neo cristianismo... já aqueles que não são tão ingênuos a ponto de esperar um prodígio a cada instante, e que se dão ao trabalho de observar as incongruências doutrinárias são conservados pelo medo de deus ou do rabudo...

Aceitam tudo quanto lhes é ensinado a crer não porque seja razoável ou digno mas por temerem que deus exerça vingança sobre eles torturando-os com requintes de crueldade por toda eternidade. Trata-se pois duma fé atemorizada e não duma fé raciocinada...

Aqui a voz da consciência é abafada tendo em vista uma ideia inexata a respeito de deus.

Como aquele que estudou atentamente o Evangelho i é a palavra de Cristo, levando em consideração o original grego, libertou-se desta ideia inexata - a respeito de castigos ou penas eternas - torna-se livre do terror, e livre para julgar qualquer doutrina tendo em vista o elemento lógico i é a coerência. Neste momento falta forças ao credo protestante e ele acaba sempre lançado as urtigas...

Mesmo em termos de internet, Orkut ou Facebook é assim...

PROTESTANTISMO REFLETIDO E RACIONALMENTE CONSIDERADO, PROTESTANTISMO MORTO!!!

Já Lutero tendo pressentido este terrível dilema esforçou-se por convencer seus adeptos a respeito da indignidade da razão, classificando-a como uma prostituta ensandecida...

Então caro Matias já sabes o que há ou houve de comum entre Van Gogh, Rubem Alves e Ariano Suassuna...



Quinta carta a Matias - O protestantismo não satisfez minha demanda espiritual

Caro e nobre Matias, como estas cônscio também eu, como outros tantos, nasci e fui criado numa família protestante.

E como tal desde criança fui ensinado - gosto de dizer amestrado - a encarar a Bíblia com um respeito mais do que supersticioso.

Para minha avó a Bíblia era simplesmente o 'livro de deus' ou a palavra de deus.

Eis porque a atividade ou ato espiritual mais importante na vida do Cristão deveria ser a leitura diária da Bíblia.

Nas residências de minha avó e de suas amigas as alusões a mambré, adulão, carit, gilboa, etc eram quase que diária. Eu no entanto deseja saber quem ou o que era Deus e quem ou o que era Jesus, e aspirava por um resposta tão exata quanto convincente...

Aqui a ciência bíblica do protestantismo desamparava-me por assim dizer e até lançava-me poeira aos olhos.

Pois se numa determinada passagem dávamos com uma alusão bastante clara as pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, logo aparecia algum irmão relacionando a pessoa de Jesus com o arcanjo Miguel, mais logo outro intérprete apresentava o Espírito Santo como o poder ou a força ativa do pai, e assim por diante... assim para uns o Filho era inferior ao Pai, para outros era adotado...

É verdade que muitos professavam a doutrina da Trindade. No entanto o máximo que podiam fazer é declarar em seu próprio nome que acreditavam na igualdade das três pessoas, em nome da Congregação não podiam nem ousavam faze-lo porque outros tantos fiéis professavam o unitarismo, o subordinacionismo, o diteísmo ou mesmo (pasme) o sabelianismo ou modalismo; era um saco de gatos e ninguém ali se entendia.

Grosso modo as visitações do espírito santo, tanto lá como da AdD evitavam lançar qualquer luz a respeito da alta teologia. Jamais assisti qualquer comunicação divina a respeito da Trindade, das duas naturezas de Cristo ou de qualquer artigo de fé tanto mais 'complicado'. Grosso modo as comunicações divinas ou profecias abordavam apenas costumes como o emprego ou não do véu, o jejum, a oração, os milagres, etc

Eu no entanto, que esperava respostas contundentes a respeito de Deus e de Jesus Cristo, apenas tinha acesso a hipóteses, opiniões, palpites e interpretações de caráter individual. Ninguém na CCB jamais ousou ensinar-me algo a respeito de Deus ou de Jesus Cristo, digo a doutrina da Santa Trindade ou a fé nicena, em nome de Deus, como algo sagrado e indubitável.

Mesmo entre os assembleianos daquela geração o tema produzia controvérsias intermináveis. Entre aquela gente a Trindade era tão sabida quanto pelos fiéis da igreja romana, a diferença é que os papistas afirmavam a crença na Trindade como divina porque os padres ou presbíteros diziam que era divina e de modo geral não ousavam - digo os praticantes - po-lo em dúvida. Entre os protestantes no entanto, devido ao vezo de livre interpretar, a incompreensão a respeito deste dogma não poucas vezes conduzia a dúvida e a negação.

Mesmo quando os pastores mais intruidos e os líderes que haviam cursado rudimentos de teologia, ousavam afirmar a doutrina nicena em alto e bom som, era em seus próprios nomes que o faziam porque entre aquela multidão de estudantes da Bíblia, ou melhor de traduções bíblicas, não havia uniformidade e só se ousava falar banalidades - sobre milagres, curas, véu, jejum, moralidades, etc - em nome de Deus, ficando a doutrina Cristã em termos de alta teologia pura e simplesmente largada...

De fato é incrível como as opiniões dos livre examinadores, mesmo pertencentes as mesmas seitas, variam quando o assunto é Deus e Jesus Cristo i é o mais importante, o vital, o fundamental...

Eu no entanto esperava que alguém, com autoridade divina, em nome de Cristo ou da Igreja me comunicasse a Verdade revelada em sua integridade e plenitude.

Ora esperar isto do protestantismo caro Matias é como esperar figos dos espinheiros ou geada no deserto. É esperar que a cortiça afunde ou que o saci cruze as pernas...

Assim a cada pergunta em termos de doutrina ouvia a mesma resposta: Abra sua Bíblia e leia, busque na Bíblia, procure na Bíblia, etc

Eu desejava a Verdade que o Mestre trouxe ao mundo em termos claros e objetivos e os protestantes me aconselhavam a interpretar um livro!!! Ou seja tirar MINHAS próprias conclusões fazendo uso da razão em termos puramente naturalistas!!!

Não podendo oferecer a seus membros a posse segura da Verdade o sistema luterano ilude seus adeptos declarando que com a Bíblia nas mãos cada indivíduo é capaz de ter acesso a Revelação divina.

Isto no entanto, caro Matias, é uma mentira.

Pois Jesus não veio como escravo da letra com um livro nas mãos fazendo interpretações!

Tampouco pos ele mesmo a Verdade divina num livro, escrevendo-o!

E não deixou qualquer mandamento no sentido de seus seguidores distribuírem ou lerem livros.

Jesus jamais regulamentou a exegese, a hermenêutica, a crítica literária, etc

Ele simplesmente abriu sua boca e DECRETOU com AUTORIDADE, o que ouvia do Pai que estava com ele e nele.

E enviou seus apóstolos para que do mesmo modo, oralmente, ensinassem as nações EM SEU NOME i é com autoridade divina e infalível.

Paradoxalmente tais informações são extraídas justamente da palavra escrita ou seja do Santo Evangelho. É ele mesmo, o Santo Evangelho, a palavra Escrita, a única suficiente Bíblia Cristã, que nos envia a autoridade apostólica, a Igreja, a tradição, etc da qual os protestantes por puro capricho afastam-se.

Abra seu Evangelho e lerá: IDE A IGREJA E QUEM NÃO OUVI-LA SEJA TIDO COMO PAGÃO OU PUBLICANO.

Mas eu prefiro ouvir o pastor fulano de tal que prega em nome da Bíblia, de Moisés, de Davi, de Salomão, de fulano ou Beltrano! Assim seja, mas saiba que negando-se a ouvir a Igreja apostólica fundada por Jesus Cristo você não passa de um pagão ou publicano.

Nós temos a Bíblia! Declaram jactanciosamente os pastores!

Fiquem com ela, devemos dizer-lhes! E façam bom proveito!

Nós temos o testemunho claro do Evangelho que é a palavra de Jesus Cristo e segundo este testemunho todos os protestantes da face da terra, mesmo sendo milhões, não passam de pagãos ou publicanos com Bíblias nas mãos!

Mas como você, Ortodoxo petulante!, ousa declarar que somos pagãos e publicanos se temos uma Bíblia???!!!???

Por que vocês estão contra a Igreja, por que não ouvem a Igreja, por que resistem a Igreja, por que amaldiçoam a Igreja MESMO SABENDO QUE JESUS CRISTO DISSE: IDE A IGREJA, E QUEM NÃO OUVI-LA SEJA CONTANDO COMO PAGÃO OU PUBLICANO!

Caro Matias Jesus bem poderia ter dito: IDE A BÍBLIA ou LÊDE AS ESCRITURAS! INTERPRETAI AS ESCRITURAS e assim, esmagado por toda eternidade o espírito Católico! E NO ENTANTO ELE, COMO BOM ORTODOXO, DIZ: IDE A IGREJA!!!

Ora os protestantes não vão a Igreja dos Bispos, que são os legítimos sucessores dos apóstolos. Eles OUSAM JULGAR A IGREJA QUE DEVERIA JULGA-LOS E DECLARAM-NA HERÉTICA!!! Logo... não passam de pagãos e publicanos com Bíblias!!!

Mas eles são tão convictos! Os muçulmanos também caro Matias, os muçulmanos também!

Convictos mas equivocados!!!

Veja bem caro Matias, eu solicitei do protestantismo um veredito divino!

Desejava saber nitidamente o que crer em nome de Jesus Cristo! Aspirava por uma regra de fé simples, clara, objetiva... e fornecida em nome do Mestre ou da Igreja fundada por ele...

O protestantismo no entanto apenas me oferecia interpretações pessoais: de N, de Z, de X...  ou me mandava inferir verdades a partir da Bíblia e compor meu próprio credo.

Eu no entanto, como tantos e tantos outros SABIA SER COMPLETAMENTE INCAPAZ DE EXTRAIR INFALIVELMENTE A DIVINA REVELAÇÃO DE UM LIVRO FAZENDO USO DE MINHAS FACULDADES NATURAIS! ENTÃO SABIA QUE A PROPOSTA QUE ME HAVIA SIDO FEITA PELO PROTESTANTISMO ERA INVIÁVEL!!!

A homem algum é dado produzir infalivelmente o mesmo corpo doutrinal uma única vez comunicado por Jesus Cristo aos apóstolos a partir da leitura da Bíblia, de inferência racional ou crítica literária.

A crer no protestantismo não teria eu acesso a verdade divina que Jesus Cristo veio comunicar aos mortais!!!

Então para alcançar a verdade eterna em sua plenitude tive de questionar o protestantismo e de duvidar dele.

Tive de perceber que o livre exame, é e sempre será um recurso puramente humano ou natural, na dependência de técnicas como hermenêutica, a exegese, a crítica histórica, etc

Acontece que por meio de recursos naturais não se obtém ou restabelece algo que tenha sido divinamente comunicado.

Assim pela leitura da Bíblia, pelo livre exame ou pela crítica literária não podemos ter acesso a doutrina Cristã, aos dogmas, aos artigos de fé entregues pelo divino e abençoado mestre aos doze apóstolos.

Então nós nos resta mesmo aproximar-se duma Igreja histórica ou apostólica que fale com autoridade ou que revindique um ministério infalível.

Nossos adversários certamente dirão: MAS ESTA IGREJA É APÓSTATA OU CORRUPTA.

Que lhes responderemos caro Matias?

Com o Evangelho escrito em mãos lhes diremos: AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO DELA, ESTOU CONVOSCO EM TODOS OS DIAS ATÉ A CONSUMAÇÃO DOS SÉCULOS!!!!

Mas prevalecerão insistirá nosso protestante!

Então vá lá disputar, brigar e gritar com Jesus!

Nós ORTODOXOS somente, cremos em Jesus; porque cremos na vitória ou infalibilidade da Igreja...

Os protestante creem apenas até a metade ou certo ponto.

Pois declaram: de fato a Igreja foi pura até o século X, depois apostatou...

Acontece que a consumação dos séculos não se deu no século X...

Jesus no entanto prometeu sua assistência a Igreja até a consumação dos séculos.

De fato - responder-nos-a o pastor - ele sempre esteve conosco e jamais nos abandonou, no entanto apesar de sua permanência conosco, a Verdade foi obscurecida pelo erro...

Tanto pior para a fama do Mestre se estando ele conosco permitiu que a Verdade por ele revelada fosse obscurecida, quando era dever e obrigação sua mante-la como coisa preciosa. Assim se poder não lhe faltava só nos resta concluir que lhe faltou responsabilidade!!!

POSTERIORMENTE O PRÓPRIO JESUS RESTABELECEU A VERDADE!

A menos que o amigo se tenha feito mórmon ou SUD segundo a doutrina dos protestantes quem restaurou a verdade perdida foi o frade alemão Martinho Lutero e não Jesus Cristo, que viveu na Judéia dezesseis séculos antes... entre um e outro vai larga distância.

Já por que Jesus declarou - na pessoa de seu apóstolos amado - que EM ASSASSINO ALGUM SUBSISTE A VIDA ETERNA, enquanto Lutero foi assassino confesso de milhares de camponeses além de ter estimulado a matança de judeus e anabatistas... BELO APÓSTOLO ESTE QUE ESCREVE A VERDADE COM SANGUE!!!

Por outro lado se a verdade não foi digna de ser mantida ou conservada pelo supremo poder para que se dar ao trabalho de restaura-la???

Vai ver que Jesus não gostava dos medievos ou dos orientais (só dos nórdicos ou yankes destes últimos séculos)! Ops ELE NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS!!!

Uma vez que Jesus comprometeu-se expressamente a proteger a Igreja e a manter a verdade revelada, postular o obscurecimento da Verdade implica culpabilizar Jesus...

A verdade foi eliminada pelos homens no decorrer da Idade Média! Belo deus este que permitiu a eliminação da Verdade após ter se manifestado na carne mortal com o objetivo de comunica-la!!!???

Um a um todos os raios que o protestantismo lança sobre a fronte da Igreja visando fulmina-la atingem em cheio a fronte de seu fundador. A estar certo o protestantismo com sua apostasia e eclesiofobia nosso Mestre bem teria tido a morte que mereceu...

Assim diante das milhões de interpretações beligerantes, antagônicas e contraditórias a respeito do sentido da Bíblia, que chegam a formar um labirinto ainda maior do que o de Creta, tem sorte aquele que no decurso de sua vida topa com o ministério de sucessão apostólica e com a tradição Cristã imaculadamente conservada pela Igreja ortodoxa ou ainda que fragmentariamente mantida pelas igrejas anglicana e romana. Este adquirira para si e os seus sólido embasamento para o exercício da fé sóbria e esclarecida nos mistérios divinos e saciará seu coração!

Que nosso testemunho sirva de modelo para ti nobre e jovem Matias; e possas conservar-te incólume na posse da fé ancestral mesmo face ao insidioso ataque das seitas! Que a sempre Virgem e Imaculada Mãe de Nosso Verdadeiro Deus Jesus Cristo nos assista sempre! COM TODOS OS SANTOS VITORIOSOS TE AUGURAMOS PAZ E BEM!





terça-feira, 22 de julho de 2014

Quarta carta a Matias sobre a diluição do protestantismo em judaísmo, islamismo e deísmo

Durante milênio e meio toda Cristandade, fundamentada na palavra do próprio Jesus Cristo, acreditou piamente que a Igreja Histórica por ele fundada fosse doutrinariamente infalível em matéria de fé.

Dos Patriarcas e arcebispos ao mais humilde fiel todos davam por certo que a Igreja Ortodoxa e Católica jamais deixará, por um instante sequer, de estar em posse da verdade plena Revelada pelo Cristo aos apóstolos e transmitida por estes ao gênero humano.

Esposa fiel de Jesus Cristo não podia a Igreja deixar de ser ao mesmo tempo Mãe e Mestra dos verdadeiros crentes e como tal destinada a instrui-los a respeito dos mistérios do Reino.

E enquanto esta crença subsistiu podemos dizer sem medo ou receio de errar que diversas sociedades foram Cristãs.

Dia raiou no entanto em que certo frade germânico - acossado por seus inimigos e até certo ponto amedrontado - lançou as primeiras sementes da dúvida no coração dos fiéis. Inconscientemente é claro, pois ele mesmo estava convencido de que após tais embates sairia a fé fortalecida...

Dramática era a situação do Dr Lutero, pois a reconhecer as tradições corrompidas dos latinos ver-se-ia constrangido a admitir o poder tirânico do papa romano, a doutrina das indulgências e outras superstições a que combatia... destarte perderia ele a disputa que iniciara e terminaria muito provavelmente como Huss e Savonarolla...

A outra possibilidade, ao tempo insólita, era contestar de modo geral a autoridade da tradição, a origem do episcopado e a infalibilidade eclesiástica.

Esta opção no entanto, e Lutero parecia ter consciência disto, implicava admitir que a Cristandade como um todo - do Oriente ao Ocidente - havia perdido a posse da Verdade ou que a Revelação divina comunicada pelo Verbo Jesus Cristo havia sofrido algum tipo de obscurecimento.

A bem da verdade, se considerarmos apenas a igreja latina ou romana Lutero não estava totalmente equivocado. Em certo sentido assemelhava-se ela a uma espécie de moeda de ouro ou prata coberta por uma fina camada de lama ou a um rosto coberto de pintura...

Como no entanto limpar esta moeda tão preciosa sem comprometer ou metal ou lavar este rosto sem feri-lo???

Hoje, para todo e qualquer especialista em Cristianismo antigo ou primitivo a resposta chega a ser fácil: voltando-se para o ORIENTE i é tomando por Critério a verdadeira Igreja Católica, ou seja, a Ortodoxia, cuja fé de modo geral esta de acordo com a fé dos mestes e doutores dos primeiros séculos.

Quero dizer que sequer havia a necessidade de retirar uma fé morta das obras dos antigos padres para ressuscita-la fosse agora ou no décimo sexto século porque esta mesma fé dos padres antigos encontra-se viva nas igrejas de lingua grega e aramaica.

Acontece caro Matias que Lutero e seus pares eram latinos e enquanto tais jamais lhes passou pela cabeça indagar se a Igreja romana era de fato a Igreja Católica. Eles simplesmente mantiveram os preconceitos que a igreja romana lhes havia inculcado a respeito da Ortodoxia: que os gregos não passavam de cismáticos... Hoje nos parece incrível mas a verdade é que reformador algum aceitou o desafio de pousar seus olhos sobre a igreja grega e de aprecia-la com um tantinho mais de atenção...

Para eles uma questão sempre esteve fechada ou resolvida, a igreja romana ou papalina era a mesma igreja Católica; logo a igreja Católica havia apostatado como um todo, irremissivelmente...

Quando os primeiros protestantes tomaram contato com a Ortodoxia, no finalzinho do século XVI, esta visão estava já o protestantismo estruturado e esta visão preconcebida, a respeito das igrejas orientais, canonizada... então os protestantes limitaram-se a ampliar e a estender para as igrejas mais antigas, de lingua grega, a opinião que faziam a respeito da igreja romana e a classificar a Ortodoxia e todas as igrejas apostólicas como organizações apóstatas!

Não era apenas a Europa Ocidental que precisava ser restaurada ou evangelizada mas o mundo inteiro, a Grécia, o Egito, a Síria, Jerusalém.... Tal a visão, caracteristicamente ocidental e papista, transportada aos EUA pelos fanáticos no século XVII!!! Eis porque a partir do décimo nono século, principiaram os protestantes estado unidenses a enviar missionários protestantes ao oriente com objetivo de ensinar Cristianismo, i é, as opiniões e teorias de Lutero e Calvino, aos Cristãos autóctones e de exterminar a Ortodoxia, já assediava - desde os séculos XVI e XVIII pelo papado -

Agora vejamos no que consiste esta evangelização e para onde conduz Cristandade...

Tornando a Lutero, vimos que estava em em vias de desferir profundo golpe sobre a noção vigente de Igreja na medida em que atacava a doutrina da sucessão apostólica (a qual como simples padre não fazia jus) e infirmava o testemunho da tradição ou da própria história eclesiástica. Seja como for ele precisava adotar um critério que propiciasse a purificação da Igreja ou o restabelecimento da Verdade divinamente revelada.

E como a imprensa tivesse já sob os auspícios da igreja romana, iniciado a publicação e a disseminação de Bíblias entre as classes mais abastadas e letradas da população, ocorreu a Lutero a ideia precipitada e infeliz de proclamar o livro, digo a Bíblia, como árbitro da Igreja, critério da divina Revelação e fundamento do Cristianismo.

Agora, sem que soubesse, desfigurou o Cristianismo, fabricando de certo modo uma nova forma religiosa: o Biblismo. Pois enquanto é o Cristianismo religião de homens vivos: de Deus feito homem e de homens comissionados por Deus ou feitos apóstolos (logo apostólico) é o protestantismo, como o islã e o judaísmo ortodoxo uma das 'religiões do livro'.

Agora tu me perguntas caro Matias: Acaso não é o Catolicismo também ele uma religião do livro ( de fato o papismo ou neo papismo, a semelhança do protestantismo converte-se também ele, cada vez mais, numa religião do livro pelo simples fato de assumir e incorporar formas protestantes)??? De fato nós ortodoxos temos o Evangelho (Injil) escrito e reconhecemos seus benefícios. No entanto ao Ortodoxia é eclesiástica e por se-lo declara em alto em bom som: subsiste a Revelação e o Cristianismo vivo sem Evangelho escrito ou Bíblia, mas não sem igreja ou ministério apostólico (episcopal).

Enquanto o protestantismo pelo contrário declara: sem Bíblia não é Cristianismo, pois a Bíblia é a Revelação ou a religião dos protestantes. E também declaram que Jesus não fundou qualquer igreja, que a igreja é invisível (platonismo), que a igreja antiga não tinha nome, que a igreja não é necessária para a salvação, e OUTRAS MENTIRAS BASTANTE GROSSAS contras as quais testemunha justamente o Evangelho escrito a que eles apelam.

Pois pelo Evangelho somos informados que ele enviou os contenciosos a autoridade da Igreja, que profetizou a vitoria completa da Igreja sobre as forças do mal, que suplicou pela Unidade e Santificação da Igreja, que rechaçou a amizade daqueles que não se submetem aos ensinamentos ministrados pelos apóstolos que ele escolheu e enviou, que concedeu aos apóstolos a autoridade para perdoar ou reter os pecados dos mortais, que enviou missionários (Mubassir) a todos os povos e nações da terra imprimindo uma orientação Católica ou universal a boa nova, etc

Agora os filhos de Lutero, desejando abater a autoridade divina da Igreja, apontam para o livro e proclamam: A Bíblia, vamos a Bíblia!

E apontam o Livro dos testamentos como árbitro da verdade e padrão de ortodoxia.

E os que conhecem as primeiras letras e sabem balbuciar algumas frases sentem-se já importantes e revestidos de autoridade profética a ponto de dissertar sobre todos os mistérios que Paulo descreverá como amplos e profundos... Eles no entanto tem uma tradução qualquer nas mãos - como a Valera ou a JFA - e por isso acreditam saber mais do que um concílio inteiro rsrsrsrsrsrsrsrs É a humildade protestante rsrsrsrsrsrsrs

Que sobrepõe um analfabeto qualquer não só a 325 Bispos congregados em Nikaia, mas até mesmo a cientistas com o objetivo de dogmatizar acerca de dogmas e mitos judaicos...

Mas agora temos diante de nós um problema muito sério caro Matias.

Porque livro algum pode ser - acerca de qualquer coisa - CAUSA EFICIENTE de qualquer coisa. Pelo simples fato de que o livro (seja a Mikra, o Injil ou o Corão) é isento de movimento, volição e racionalidade.

Consistindo num amontoado de papéis ou num ser bruto, não pode a Bíblia interpretar a si mesma ou dizer qualquer coisa a respeito de seu sentido ou significado; assim, mesmo quando nosso capicioso pastor declara que a Bíblia interpreta a si mesmo, esquece-se de dizer ou acrescentar: segundo a visão ou capacidade de cada leitor... o que é muito relativo e muito frágil em termos religiosos.

Afinal em se tratando de um livro bastante antigo e que contém algumas passagens declaradas por ele mesmo como difíceis ou obscuras, é evidente que sua compreensão demanda certo aparato intelectual e crítico de que a maior parte dos seres humanos e a imensa maioria dos próprios protestantes - em termos de Brasil - definitivamente não dispõe! De qualquer modo, com maior ou menor exatidão, o dogma ou a doutrina protestante de modo algum esta embasado na Bíblia (infalível no caso) mas na leitura sempre falível ou na compreensão puramente humana do intérprete.

Assim a doutrina imposta por qualquer seita protestante - da Luterana que é a tetravó a mais recente, fundada a alguns instantes - não procede pura simplesmente do livro ou da Bíblia, mas da ideia ou da opinião humana e falível que o líder faz... Agora que tem a opinião ou ideia falível do Lutero, do Calvino, do Zwinglio, do Rodoldo, do Ermelino, do Lucas, do Antonio, etc A VER COM A DIVINA REVELAÇÃO???

Nada caríssimo Rodolfo, absolutamente nada.

Pobre protestante que acredita estar exercendo fé sobre Jesus Cristo quando na verdade esta exercendo fé sobre si mesmo, sobre sua capacidade, sobre seus esforços, sobre seus raciocínios, sobre sua interpretação...

Todo e qualquer protestante precipita-se no abismo do erro no momento em que ao ler qualquer passagem da Escritura, CONFERE-LHE UM SENTIDO, e atribuí este sentido conferido por si ao próprio Jesus Cristo persuadindo a si mesmo de que Jesus Cristo ensinou o que ele 'descobriu'...

Aqui - e não no culto que os pagãos prestam a suas estátuas - encontra-se infiltrada e escondida a suprema e mais grave idolatria que tem levado milhares de mortais petulantes  ATRIBUIR SUAS PRÓPRIAS CONSTATAÇÕES E INVENÇÕES DOUTRINAIS A NOSSO SENHOR JESUS CRISTO apresentando-o como unitário, sabatista, iconoclasta, anabatista, mortalista, infernista, etc

De certo caríssimo e nobre amigo, teu primo acredita exercer fé sobre Jesus Cristo quando na verdade ao aderir o credo da CCB exerce fé sobre Luigi Francescon, o qual fundando esta seita canonizou e impôs sua interpretação humana a seus seguidores... enquanto os seguidores da seita rival aderem a interpretação humana e falível dos srs Vingren e Berg.

E para provarmos que não se trata da Bíblia mas de interpretações humanas e falíveis basta dizer que o Francescon e o Vingren tinham nas mãos a mesma Bíblia. Apesar disto no entanto não estavam de acordo um com o outro a respeito do significado... AGORA QUE REVELAÇÃO É ESTA QUE NÃO ESTA DE ACORDO??? QUE BÍBLIA É ESTA QUE CONHECE DIVERGÊNCIA???

Não é por acaso que surgiram duas seitas rivais: a CCB e a Assembléia de deus... porque não havia concordância a respeito do SENTIDO OU CONTEÚDO DA BÍBLIA, PORQUE NO MESMO LIVRO OS FUNDADORES VIAM E ACHAVAM ENSINAMENTOS E DOUTRINAS DIFERENTES... Então meu querido não é a Bíblia ou ao ensinamento da Bíblia que eles, protestantes, acolhem, mas a opinião ou palpite de seus líderes, que não passam de homens como eu ou tu... quando não são inferiores a nós em matéria de instrução!!!

Cada um deles vai lendo as carreiras uma tradução falível, tirando suas conclusões, fundando seitas e 'purificando' o Cristianismo Histórico, até reduzi-lo a judaísmo, a deísmo ou a reverte-lo ao islã...

Desde que os reformadores puseram o livro nas mãos dos semi analfabetos e das massas iletradas e canonizaram o mito da Bíblia unitária ou da inspiração plenária ou linear principiou o Cristianismo a agonizar e a incredulidade a avolumar-se e a expandir-se sobre a face da terra, principiando é claro pelos países protestantes.

Afinal das contas aqueles que não podiam mais acreditar na Igreja Histórica e Episcopal, tampouco puderam acreditar em si mesmos quando perceberam-se honestamente inventando versões fantasiosas de Cristianismo ou seitas... donde os próprios intérpretes a Bíblia foram os primeiros a retornar a tradição, ao episcopado e aos Catolicismos, a apostatar oficialmente ou a forjar um novo padrão de protestantismo, chamado liberal por questionar o caráter sobrenatural do Evangelho e todo credo Cristão até a Trindade e a divindade de Cristo.

Aqui a diferença é apenas sútil: o liberal é um agnóstico, deísta ou mesmo ateu que por algum motivo de ordem externa não quis abandonar oficialmente o protestantismo... e nem pode qualquer outro protestante expulsa-lo ou excomunga-lo pelo simples fato do protestantismo ignorar qualquer autoridade externa para além da Bíblia. Ora o liberal acredita que os motivos de sua incredulidade encontram-se na própria Bíblia...

É um protestante que chegou ao fundo do poço ou que de interpretação a interpretação tornou-se incrédulo; inda que habituado a uma crítica literária de teor religioso de que não deseja abster-se.... rsrsrsrsrsrs

Que foi no entanto capaz de conduzir tanta gente a apostasia e a descristianizar sociedades inteiras???

Esta pergunta já foi respondida pouco acima: Quando o protestante educado descobre que o fundamento desta Revolução religiosa não é a Bíblia - Enquanto elemento objetivo externo a si mesmo - mas aquilo que ele mesmo, enquanto sujeito falível, pensa ou acha a respeito da Bíblia, sente fugir-lhe o chão que pisa e faltar-lhe o ar que respira. POIS ACREDITAVA ESTAR SENDO CONDUZIDO POR UM LIVRO E DESCOBRE ESTAR ELE MESMO CONDUZINDO O LIVRO, A FÉ, A REVELAÇÃO...

É evidente que, abstraindo o liberalismo protestante, esta trágica descoberta ( de que no protestantismo não há revelação ou reformação alguma MAS APENAS INTERPRETAÇÃO OU CRÍTICA LITERÁRIA) conduz cada protestante instruído aos pés dos Episcopalismos ou da Incredulidade... ou buscará refúgio num órgão externo que revindique a posse da divina revelação e a autoridade legitima para comunica-la, ou apostatará. É até mais comum que apostate tendo em vista um destes dois fatores: os preconceitos acalentado pelos protestantes face as formas episcopais ou a fadiga e azedume com que já é capaz de encarar o Cristianismo de modo geral...

Aqui no Brasil, permanecem as massas incultas escravizadas pelo modelo pentecostal justamente por que nosso 'bom homem' é incapaz de perceber-se a si mesmo como fonte puramente humana e falível de suas crenças ou de que esta sempre preso a interpretação de algum outro homem falível. Nossos tabaréus ainda não chegaram a esta percepção, mas chegarão um dia... A menos que nossos objetivos educacionais sejam frustrados...

Na medida em que este homem - que aspira por um Revelação de natureza externa e objetiva que o conduza a verdade plena - reconheça a si mesmo como agente desta falsa revelação denominada protestantismo, este setor do Cristianismo recuará mais e mais diante do ateísmo, do deismo, do judaismo, do islan e mesmo de seu figadal opositor, o Catolicismo; derradeiro e último refúgio dos verdadeiros Cristãos. Apenas a Ortodoxia oferece a seus fiéis um sistema orgânico em oposição ao judaismo, ao islan e ao teismo naturalista, na medida em que apenas ela assume as decorrências lógicas da Encarnação e da fé nicena sobre a divindade do Verbo: Os sacramentos como sinal visível de salvação, a maternidade divina de Maria, a veneração de ícones, a guarda do Domingo, etc

E PODEMOS CLASSIFICAR CADA DOGMA CATÓLICO ORTODOXO COMO UMA ESPÉCIE DE MURALHA OU PALIÇADA ERGUIDA PELOS DOUTORES DOS PRIMEIROS SÉCULOS EM TORNO DO MISTÉRIO CENTRAL QUE É O MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO. Na medida em que o protestantismo repudiou a estes dogmas nada mas fez que expor os flancos deste mistério as críticas urdidas há mais de mil anos pelo judaismo e o islan.

Na medida em que os protestante priorizaram a leitura e autoridade do antigo testamento face ao Evangelho, começou a ser sucessivamente encarado como herético e apostata tudo quanto recordasse a fé da Igreja antiga, já declarada como tributária do paganismo numa perspectiva caracteristicamente judaizante... Desde então o movimento de vanguarda do protestantismo tem se resumido nisto: denunciar as comunidades mais antigas - luteranismo, metodismo e calvinismo em especial - na medida em que obstinaram-se em conservar (inconsequentemente é claro) alguns elementos Católicos ou vestígios de Cristianismo quais fossem a guarda do Domingo, o pedobatismo, a confirmação, a liturgia, etc e em seguida a Trindade, a divindade de Cristo, a divindade do Espírito Santo...

Destarte em nome de Moisés, Davi, Salomão, Isaías, Jeremias, etc foi sendo o edifício da fé Cristã sistematicamente demolido pelos sectários até restar apenas a Unidade de Deus, a guarda do sábado e o velho horror a representações plásticas... ou seja, um judaísmo que nem é judeu nem Cristão mas que por obra e graça da Bíblia e do livre exame lá faz galas de Cristianismo. Referi-mo-nos é claro a manobra adventista, que entre os muçulmanos silencia por completo a respeito da Trindade e da divindade de Cristo, negociando o supremo mistério de Deus> que com tantos e indizíveis sofrimentos tem sido mantido pela Cristandade Oriental ao cabo de quatorze séculos de opressão islâmica!

Agora aqui mesmo em S Paulo!!! A S Paulo fundada pelos padres Jesuítas, nobres e excelentes emissários da Trindade e do Verbo encarnado! Nesta mesma cidade estabelecem os adventistas uma MESQUITA 'CRISTÃ' em que fazem uso do Corão (!!!) e uma SINAGOGA 'CRISTÃ'  em que restabelecem todas as tradições mortas da casa de Israel; e silenciam a respeito da Divindade de Cristo e da Trindade. Observe agora querido Matias QUE DA NEGAÇÃO DO DOMINGO CHEGARAM ESSES HEREGES PROCEDENTES DO NORTE A NEGAÇÃO DA TRINDADE E A ADOÇÃO DO CORÃO E DO TALMUD!!!

Tal a sina do protestantismo, que com seu Biblismo e livre exame, como uma espécie de acido vai corroendo todos os fundamentos e entranhas do Cristianismo ATÉ DESTRUIR O MISTÉRIO DIVINO DA ENCARNAÇÃO!!!

Agora se podemos ANIQUILAR o mistério da Encarnação, como fazem Unitários, Jeovistas, adventistas e batistas POR QUE NÃO ADERIR LOGO AO ESPIRITISMO CUJA ANTROPOLOGIA, A ESCATOLOGIA E A ÉTICA ESTÃO MUITO MAIS PRÓXIMAS DO EVANGELHO DO QUE A ANTROPOLOGIA, A ESCATOLOGIA E A ÉTICA PROTESTANTES???

No dia em que tiver de NEGOCIAR OS MISTÉRIOS DA TRINDADE E DA ENCARNAÇÃO  e abjurar do Catolicismo, faço-me espírita; que é uma opção muito superior ao protestantismo...

Por outro lado caro Matias, enquanto os adventistas edificam MESQUITAS e SINAGOGAS com que arabizar e judaizar o povo de Jesus Cristo, apartando-os do mistério sagrado da Encarnação, o líder pentecostal Edir Macedo, edifica um templo judaico nos moldes do antigo templo de Herodes e enverga paramentos rabínicos como o Talith!!!

AGORA OBSERVE MATIAS E DEMAIS ORTODOXOS, ANGLICANOS E PAPISTAS, EM QUE ABISMO DE CONTRADIÇÃO PRECIPITAM-SE NOSSOS ADVERSÁRIOS OS SECTÁRIOS PROTESTANTES NA MEDIDA EM QUE ADOTAM UM TEMPLO QUE O PRÓPRIO SENHOR JESUS CRISTO FEZ DERRUBAR E PARAMENTOS - como Filactérios, franjas, mezuzots, taliths, etc - QUE ELE IGUALMENTE AMALDIÇOOU... É O PROTESTANTISMO RETORNANDO EM MASSA AO PASTO DOS ESCRIBAS E FARISEUS!!! Condenam os paramentos e tradições da Igreja de Cristo, estabelecidos pelos apóstolos em nome do Espírito Santo, para tomar tradições e paramentos a sinagoga!!! Agora diz-me Matias: Como poderá este sistema manter fielmente o mistérios da Encarnação e da Trindade??? Ele que tomas escribas e rabinos por mestres e negocia tantas doutrinas de costumes???

Entregue a guarda do protestantismo as santos mistérios da Trindade, da Encarnação, dos Sacramentos, etc serão varridos da face da terra pela judaização e pelo islan. E quando abrirmos nossos olhos já estara nossa sociedade completamente islamizada e posta sob o jugo da Sharia!!!

Esperemos para ver os próximos passos dados pelos sectários... se haverão ou não de restabelecer os costumes judaicos da circuncisão, da distinção de alimentos, DOS SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS, ETC completando as medidas da apostasia!!! Uma coisa é certa: o protestantismo corresponde ao caminho mais largo e direto para o islã ou para o neo paganismo... face a ele a única opção lúcida é apegar-se a alguma forma tradicional de Episcopalismo ou a algum modelo de Catolicismo.

Após ter te informado a respeito de tão trágicos acontecimentos de ti me despeço augurando-te todo bem e toda paz em Jesus Cristo!




segunda-feira, 14 de julho de 2014

Terceira carta a respeito do crescimento das seitas e seu elemento motivacional.

Caro Matias, paz e bem!

Tendo em vista responder tuas indagações a respeito do assombroso crescimento das seitas em nosso país, teci as seguintes considerações:

De fato é a cultura ou a sociedade que imprime uma forma determinada a religiosidade presente nos seres humanos.

Daí a asserção segundo a qual, aqueles que nascem em Riad assumem a forma do islan enquanto os que nascem em Nara recebem a forma do Budismo...

A determinação cultural é no entanto precedida por uma tendência religiosa espontânea a fitra.

A fitra ou inclinação natural para o 'sagrado' encontra-se em cada criatura racional. Ela pode até ser reprimida e contida pela educação mas não destruída por completo.

De fato o que comumente podemos perceber é a fitra deslocada para outra setor da atividade humana i é do numinoso: a religião, a música, a poesia, etc para o lucro, o esporte, a violência, etc Tal a gênese dos novos credos como o capitalismo, o futebolismo, o comunismo, etc

A fitra perde seu conteúdo específico ou próprio mas não sua força, chegando inclusive a atrofiar-se e a tornar-se ainda mais forte, e temos já diante de nós o fanatismo daqueles que matam por um determinado time, bandeira ou partido...

Todas as religiões seculares sejam políticas, econômicas ou esportivas são expressões da fitra mal orientada ou desorientada.

Quanto a realidade específica do Brasil recebeu a fitra, ordinariamente, uma forma romanista ou papista já sob forma de alta teologia em setores bastante restritos da sociedade - como os elementos elitistas mais instruídos, os monges e o alto clero - já sob uma forma básica, já sob uma forma acentuadamente mística, popular ou folclórica tanto nas paragens mais afastadas do interior, quanto nos subúrbios ou periferia das grandes cidades.

Em quaisquer destes dois últimos setores aos homens medianamente instruídos havia sempre a possibilidade de adquirir certo 'status' como padre, monge ou beato rezador; figuras mais ou menos características de nossos vilarejos coloniais ou mesmo imperiais... Já nos grandes conglomerados urbanos, desde meados do décimo nono século perdiam-se as pessoas em meio a incontável multidão de trabalhadores ou adoradores...

Que dizer então da mulher?

Quase que sempre relegada ao analfabetismo e, se rica presa ao bastidor e pobre aos pés do fogão...

De fato a tais criaturas a única regalia concedida era a de poder participar do culto divino ou da liturgia, a qual sem embargo, era conduzida ou oficiada por homens, e homens letrados.

Aos homens iletrados e mulheres era exigida total submissão por parte da igreja docente ou do magistério eclesiástico.

Em muitos casos a ignorância era encarada como uma espécie de benefício ou de preservativo para a alma.

Via de regra não havia sequer a possibilidade de aproximar-se com amor da doutrina sagrada ou de cortejar amavelmente a Verdade...

Era um estado de passividade absoluta quase sempre acompanhado pela total desinformação...

Diante de semelhante conjuntura o papel do adorador ou crente papista diluia-se em meio a imensa massa de crentes, seus iguais face ao sacerdote. Mesmo entre o vigário e a categoria mais vulgar dos fiéis - que era certamente a mais ampla - os intermediários eram de número reduzido, comumente um ou outro monge, o sacristão e o beato rezador... em todo caso homens mais ou menos alfabetizados.

Onde havia padre eram eles, que com algum devocionário a mão, respondiam as partes da missa latia que correspondia aos fiéis. Onde não havia padre recitavam como podiam algumas parte do Missal ou de algum outro livro de piedade... oficiando o que cognominamos para liturgia. A qual não poucas vezes misturavam-se elementos folclóricos ou supersticiosos...

Aos semi analfabetos e mulheres no entanto era parcas ou melhor dizendo nulas quaisquer possibilidades de destaque. É verdade que no catolicismo popular algumas destas mulheres acabaram conquistando o mais ou menos prestigioso ofício de benzedeiras... as benzedeiras no entanto além de não serem muitas deviam ser escolhidas para suceder a uma benzedeira mais velha, o que tornava o acesso a esta condição mais ou menos restrito.

Queremos dizer com isto que em termos de papismo a condição puramente passiva da grande massa de fiéis, especialmente das mulheres, faziam com que eles não se sentissem demasiadamente importantes. Grosso modo os membros da igreja romana não tinham sua estima elevada pelo clero...

O sacerdote era dispensador dos mistérios e dispenseiro da divina graça e eles; os fiéis, meros recebedores.

No frigir dos ovos nossos nobres e excelentes ancestrais sabiam que não lhes era dado fazer qualquer coisa de relevante pela religião... além de serem bons chefes de famílias, boas mães de família e frequentadores assíduos da Missa... ir a Missa, receber os Sacramentos em algumas situações específicas, jurar obediência a igreja e por em prática, no dia a dia, as virtudes Cristãs constituia a essência daquela forma religiosa.

Em certos setores havia até mesmo certo apelo desastroso ao cultivo da humildade cujo objetivo era se possível destruir ou ao menos conter a vontade de afirmação individual... todo e qualquer tipo de aspiração assaz elevada era de pronto classificada como fruto da vaidade humana e reprimida. Num ambiente estático como este a vida tornava-se muitas vezes monótona, prosaica ou mesmo insuportável e a religião não estava nem um pouco disposta a servir como válvula de escape.

A única possibilidade de granjear algum 'status' ou prestígio pessoal dava-se nos termos da profanidade, sendo as chances diminutas...

A própria vida era um apelo obscuridade.

Em termos gerais podemos dizer que a Igreja romana manteve sua postura tradicional até meio século. A sociedade todavia principiara a mudar bastante, especialmente após as duas grande guerras, isto é, cerca de meio século antes.

A partir do século XX o número de semi analfabetos foi superando cada vez mais o número de analfabetos e a mulher conquistando cada vez mais direitos e implementando sua liberdade. Não poucas delas aprenderam os rudimentos das letras e adotaram algum ofício, ainda que caseiro, como o de doceira, costureira, lavadeira, etc

Em decorrência das mudanças porque passou a produção econômica a vida dos homens e mulheres, de modo geral, foi tornando-se cada vez mais ativa e participativa. De fato numa Sociedade Urbana os papéis costumam ser muito mais diversificados do que numa sociedade agrária...

A Igreja por convivência, estava habituada a sociedade agrária e estática, correspondendo a suas necessidades. Quando a Sociedade passou pelas transformações impostas pelo liberalismo econômico -liberalismo a que a própria igreja não soube opor-se como deveria ter se oposto - foi como se a igreja tivesse perdido seu chão ou seus fundamentos, pois desde então suas práticas foram cada vez mais classificadas como obsoletas por uma freguesia, que tendo ocupado alguma função de caráter econômico, aspirava igualmente por ocupar algum tido de função religiosa.

Os fiéis ou leigos medianamente instruídos, mesmo as mulheres; pela primeira vez na história da igreja ocidental desejaram conquistar algum tipo de espaço dentro da igreja ou concorrer com os clérigos. Evidentemente que a longo prazo a Igreja haveria de bolar alguma solução...

Acaso no tempo das corporações não havia ela também estatuído corporações religiosas, confrarias, sodalícios, irmandades, etc???

O protestantismo no entanto, desde que fora instalado em nosso pais - desde 1853 - buscou, e sempre com certo sucesso, atalhar seus passos. E assim tem sido até o momento presente.

Pois o protestantismo, servindo-se do princípio do livre exame e da teoria segundo a qual os filhos da igreja apóstata precisavam ser salvos, veio decididamente de encontro as pretensões desta categoria de pessoas constituída pelos semi analfabetos i é pelos homens e mulheres até então submissos ao magistério da igreja romana, mas que agora aspiravam por mais liberdade...

A Igreja, com plena razão, ensinou a tais pessoas que eram súditos ou fiéis e que como tais deviam ser religiosamente instruídas pelos Bispos e padres, mesmo quando soubesse ler o Evangelho. O protestantismo veio e declarou-as 'profetas' reconhecendo que tinham não só o direito mas o dever de interpretar o Evangelho e de elaborar seu próprio credo.

Desde então iniciou-se nesta terra a revolução segundo a qual o marceneiro, o pedreiro, o açougueiro, o padeiro, a doceira, a costureira, a diarista; em suma, qualquer um que saiba soletrar ou balbuciar algumas frases, seja legítimo intérprete em termos de doutrina Cristã e sabedor de todos os mistérios do reino.

De fato nós nada temos contra aquele que busca auto instruir-se e buscar compreender a doutrina proposta pela Igreja, estudando-a com afinco e dedicação. E cremos que tal seja um direito do varredor, do motorista, da doceira, da costureira, etc Estudar e compreender a doutrina Católica.

Outra coisa porém é uma pessoa despreparada, que não domina os requisitos básicos para compreender o Evangelho, TOMAR UM TRADUÇÃO CAPENGA DA BÍBLIA, COMO A JFA, E APRESENTAR-SE JACTANCIOSAMENTE COMO PROFETA OU INSTRUTOR CRISTÃO, atacando impudentemente por sinal a fé de nossos nobres e excelentes ancestrais!

Coisa totalmente distinta é gritar a plenos pulmões que conhece toda largueza e profundidade dos dogmas e mistérios da fé, sem conhecer uma única linha de Koiné!!!

Seja como for o protestantismo inculca na mente de cada prosélito ou neófito a ideia absurda de que também ele é, de certa forma, um missionário cujo objetivo é salvar o maior número de almas possíveis e deste modo garantir infalivelmente sua própria salvação.

É como se o deus que criou o inferno contasse com eles ou precisasse deles para salvar o maior número possível de pessoas do inferno por ele criado para elas...

Desde então sente-se ele colaborador, ajudante ou parceiro de deus...

O que lhe confere uma disposição heroica. Por se salva alguém do inferno torna-se ele mesmo importante para deus e para toda comunidade.

Destarte qualquer sujeito derrotado e vencido injustamente pela vida e excluído das altas rodas, pode sentir-se não só acolhido mas importante para deus ou especial... este truque por meio do qual os líderes protestantes convencem qualquer nulidade medíocre, qualquer tabaréu, qualquer rebotalho humano a respeito de sua elevada importância é o segredo do protestantismo.

Todos desejam ouvir o que o protestantismo segreda aos ouvidos dos eleitos: que o sujeito sendo como é - traficante, gigolô, assassino, roubador, etc - é altamente importante e que tendo aprendido a balbuciar alguns versículos converte-se em ministro religioso...

A igreja de fato ensina que todo e qualquer homem pode tornar-se digno do propósito divino por meio da instrução e da obediência... o que demanda certa medida de esforço e trabalho coadjuvado pela divina graça.

Os homens no entanto, acomodados como são, desprezam esta mensagem. Não aspiram por portar a cruz e tomar o caminho estreito... conformando-se com a indignidade e a trivialidade da condição predominante.

O protestantismo vem e diz que não precisam fazer absolutamente nada, pois deus além de quere-los e aceita-los como são converte-os magicamente em colaboradores seus e salvadores, desde que semeiem a dúvida nos corações dos Ortodoxos.

O anuncio duma salvação mágica e confortável: tal o segredo do protestantismo!